
As celebrações do bicampeonato do Sporting, realizadas no passado sábado em Lisboa, ficaram marcadas por episódios de violência envolvendo a Polícia de Segurança Pública (PSP).
Um dos casos mais graves ocorreu na Praça Duque de Saldanha, onde Bernardo Topa, de 28 anos, foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha disparada por um agente da Unidade Especial da PSP, tendo ficado cego desse olho.
Natural do Porto e comissário de bordo na TAP, Bernardo encontrava-se no local com amigos à espera da passagem do autocarro do clube rumo ao Marquês de Pombal, quando se viu no meio de uma ação policial destinada a dispersar adeptos que arremessavam pirotecnia.
Bernardo foi operado de urgência numa unidade hospitalar em Lisboa, onde permanece internado, de acordo com a CNN Portugal, o jovem apresentou uma queixa-crime contra a PSP e contra o Estado português, alegando negligência.
A própria polícia admitiu o uso de meios coercivos e referiu, em comunicado, que a intervenção foi necessária para “repor a ordem pública”, após o lançamento de artigos pirotécnicos contra os agentes.
A PSP confirmou a abertura de um processo de inquérito interno para apurar as circunstâncias em que decorreu a atuação policial, salientando que os feridos foram assistidos no local e posteriormente identificados para comunicação ao Ministério Público.
A nota da corporação descreve a operação como “globalmente tranquila, positiva e serena”, apesar de “ocorrências pontuais” como a que vitimou Bernardo Topa.
Além deste caso, foram registados outros feridos por balas de borracha: um adepto foi atingido na lombar e outro nos genitais, tendo ambos sido assistidos no Hospital de Santa Maria, houve ainda vários feridos provocados por pirotecnia.
Este não é o primeiro incidente do género, em 2021, durante os festejos do título de campeão nacional do Sporting, Ricardo Santos, então com 24 anos, foi também atingido por uma bala de borracha na face e perdeu a visão do olho direito.
O jovem, que trabalhava como estafeta na Margem Sul, ficou incapacitado para trabalhar e apresentou queixa contra as forças de segurança.
Os acontecimentos têm reacendido o debate sobre o uso de balas de borracha em contextos de celebração popular, com vários setores da sociedade a exigir maior responsabilização e revisão dos protocolos de atuação policial.