
© Universidade de Évora
Miguel Bastos Araújo, professor no Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora e titular da Cátedra Rui Nabeiro – Biodiversidade, foi recentemente galardoado com o “Marsh Award for Climate Change Research”, atribuído pela Sociedade Britânica de Ecologia. Este prémio, concedido anualmente, visa reconhecer trabalhos de investigação de excelência com impacto significativo no desenvolvimento da ciência da ecologia ou na sua aplicação.
Biogeógrafo de renome e primeiro português a figurar no ranking dos mil cientistas climáticos mais influentes do mundo, Araújo tem-se dedicado a investigar a distribuição espacial e temporal das espécies e os fatores que influenciam esses padrões, com especial atenção ao impacto das alterações climáticas nos sistemas biológicos.
“Sinto-me honrado por ter recebido vários prémios nacionais e internacionais de prestígio ao longo da minha carreira. No entanto, dado que realizei a maior parte da minha formação académica na Grã-Bretanha, ser reconhecido pela British Ecological Society pela minha investigação tem um significado especial para mim”, afirmou Miguel B. Araújo ao comentar o galardão.
O seu trabalho é amplamente reconhecido pelo desenvolvimento de modelos que analisam a resposta das espécies a fatores ambientais, como o clima, de uma forma individualista. “Estes modelos baseiam-se na premissa de que, embora as interações bióticas influenciem a ocorrência e a coexistência de espécies a nível local, o seu impacto macroecológico é mínimo quando comparado com os principais fatores ambientais. Recentemente, começámos a investigar as interações bióticas de uma perspetiva diferente. Em vez de nos concentrarmos na forma como estas interações podem afetar a distribuição de espécies individuais, estamos a examinar a forma como as interações bióticas são influenciadas pelo ambiente. Por exemplo, se o clima influencia os tipos de interações bióticas num determinado local, podemos mudar o foco das nossas previsões e abordar uma questão muito mais importante. Em vez de prever como as espécies respondem às alterações ambientais, o nosso objetivo é prever como as alterações ambientais irão alterar a composição e a função dos conjuntos de espécies”, explicou o investigador.
A entrega do prémio será realizada na Reunião Anual da Sociedade Britânica de Ecologia, que terá lugar entre 10 e 13 de dezembro, em Liverpool, Inglaterra.