
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os dados relativos às Estatísticas Agrícolas 2024, que revelam uma evolução positiva em vários indicadores do setor, apesar de um ano agrícola classificado como muito quente e chuvoso. O Alentejo assumiu um papel central em diversos segmentos da produção agrícola nacional.
Culturas permanentes com desempenho recorde
A produção de amêndoa em Portugal atingiu um novo máximo histórico, com 91 mil toneladas, sendo impulsionada pela instalação de novos pomares no Alentejo. Esta região consolidou a posição do país como o segundo maior produtor de amêndoa da União Europeia, atrás apenas de Espanha.
Também no setor olivícola, o olival intensivo alentejano contribuiu decisivamente para a obtenção da segunda maior produção de azeite da série estatística, com 180 mil toneladas. O grau de autoaprovisionamento de azeite em Portugal situou-se nos 214,9%, ultrapassando amplamente as necessidades internas.
Impactos climáticos e produtividade agrícola
As condições meteorológicas em 2023/2024 influenciaram positivamente a produtividade de cereais de outono/inverno, embora com margens reduzidas. Já o milho registou quebras acentuadas, com redução de área (-13,6%) e a menor produção da última década. A produção de hortícolas e batata cresceu respetivamente 3,1% e 10%.
A cultura do tomate para indústria, com grande expressão no Alentejo, aumentou em área mas sofreu uma quebra de produtividade.
Produção animal e setor florestal
A produção total de carne atingiu 947 mil toneladas, mais 4,8% face a 2023. As carnes de suíno e frango, que têm expressão significativa no Alentejo, registaram crescimentos de 5,5% e 6,2%, respetivamente.
No setor florestal, 2024 registou o menor número de incêndios rurais dos últimos 20 anos (6 293), mas foi o terceiro ano com maior área ardida da última década. No Continente, arderam 137,7 mil hectares.
Sustentabilidade e uso de fertilizantes
O consumo de fertilizantes cresceu 16,6% em 2024, influenciado pela redução do preço dos mesmos (-18,3%). Contudo, os balanços de nutrientes agravaram-se: o excedente de azoto aumentou 6,7% e o de fósforo 14,5%. Estes indicadores revelam desafios na gestão ambiental da atividade agrícola.
Balança comercial e aprovisionamento
Apesar de persistente défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares, este desagravou-se em 421,4 milhões de euros, beneficiando de um aumento das exportações. O saldo da balança comercial dos produtos florestais aumentou para 3 063,7 milhões de euros.
Portugal manteve forte dependência externa nos cereais, com um grau de autoaprovisionamento de apenas 17,9%. Em contrapartida, os indicadores de autossuficiência mantêm-se positivos no vinho (117,4%) e azeite (214,9%).
Indicadores económicos e energia
O rendimento da atividade agrícola por unidade de trabalho ano aumentou 14,5%, impulsionado por um acréscimo significativo nos subsídios à produção (+143,4%). Em termos reais, o Valor Acrescentado Bruto da agricultura cresceu 7,3%.
O consumo energético no setor agrícola subiu 3,2%, atingindo 17,1 milhões de Gj, reflexo da redução dos preços dos combustíveis e da eletricidade.