A grave escassez de funcionários não docentes na Escola Secundária de Palmela levou à realização de um protesto esta quinta-feira, à porta do estabelecimento de ensino. Os assistentes operacionais alertam para uma situação crítica, que ameaça o funcionamento diário da escola e coloca em causa a segurança da comunidade educativa.

Dos 36 trabalhadores previstos para assegurar os serviços mínimos, apenas 17 estão em funções. A denúncia partiu das funcionárias em protesto, que responsabilizam diretamente a Câmara Municipal de Palmela, entidade encarregue de garantir a substituição dos profissionais ausentes. A autarquia não cumpre os rácios legais, acusam.

A sobrecarga de trabalho é descrita como “desumana”. Há funcionárias que chegam a limpar 14 salas por dia, enquanto acumulam tarefas de vigilância, apoio aos alunos e acompanhamento das pausas letivas. “Estamos a fazer o trabalho de três pessoas. Isto não é sustentável”, lamentam as manifestantes.

Segundo os testemunhos recolhidos no local, a não substituição de trabalhadores em baixa médica agrava a situação. As assistentes garantem que a falta de condições afasta candidatos e desvaloriza uma profissão essencial ao funcionamento das escolas. “Cada vez há menos quem queira entrar, e cada vez mais quem quer sair.”

Autarquia palmelense reconhece o incumprimento dos rácios legais e admitiu dificuldades na substituição dos profissionais. No entanto, garantiu estar em articulação com a direção do agrupamento escolar e com as funcionárias para “encontrar soluções viáveis”. A Câmara afirmou ainda que tenta colmatar as falhas mediante concursos públicos, embora admita que os processos são morosos e pouco eficazes a curto prazo.

Este episódio volta a expor as fragilidades do sistema de gestão de recursos humanos nas escolas portuguesas, particularmente naquelas cuja responsabilidade administrativa recai sobre as autarquias. A situação em Palmela levanta preocupações sobre o bem-estar dos alunos, o funcionamento regular das aulas e a capacidade da escola em manter padrões mínimos de higiene e segurança.

A Escola Secundária de Palmela é uma das maiores do concelho e serve centenas de alunos do ensino básico e secundário. A persistência da escassez de pessoal não docente poderá ter impactos diretos na qualidade da aprendizagem, no apoio social aos estudantes e na integridade do ambiente escolar.

Apesar das promessas da Câmara, as trabalhadoras prometem continuar a lutar até que a escola esteja plenamente dotada dos recursos humanos necessários.