
Vários cidadãos e associações da região irão organizar, no dia 3 de agosto, pelas 14h00, uma concentração na estação ferroviária de Nelas para exigir a reabertura integral da Linha da Beira Alta. A iniciativa, que coincide com o 143.º aniversário da histórica infraestrutura ferroviária, decorre sob o lema ‘’Beira Alta na Linha, já!”.
Desde 19 de abril de 2022 que a principal ligação ferroviária da região da Beira Alta está cortada. O que começou como uma prometida intervenção de nove meses, com Pedro Nuno Santos na tutela, transformou-se numa saga de sucessivos adiamentos, justificações frágeis e promessas quebradas — com Pedro Nuno Santos, João Galamba e, mais recentemente, Miguel Pinto Luz a repetir o mesmo padrão: prazos por cumprir e uma região, mais uma vez, ignorada.
À data, somam-se cerca de 40 meses de encerramento, um número absurdo que, imagine-se, ultrapassa o tempo que demorou a construir toda a linha no século XIX! Este encerramento tem tido um impacto profundo na região centro interior, uma zona já marcada pelo isolamento e envelhecimento da população, Destacando-se:
● a perda da mobilidade da população, com impacto no acesso aos principais centros urbanos e serviços essenciais (saúde, educação, justiça) e perda da qualidade de vida;
● os prejuízos económicos e sociais para a população que aqui vive e trabalha e para as pequenas e médias empresas que aqui se instalaram;
● a dificuldade de fixação de novos residentes e captação de investimento;
● a redução das exportações e importações via ferrovia, nomeadamente no eixo logístico Pampilhosa–Vilar Formoso;
● o impacto ambiental agravado, com o desvio de passageiros e mercadorias para a rodovia.
Para além disso, a ausência de transportes públicos eficazes durante o encerramento da linha, bem como a falta de comunicação e de transparência por parte da tutela, e a falta de envolvimento das comunidades nesta intervenção, agravou o sentimento de abandono e de desconfiança da população pelas instituições e discurso político.
A Linha da Beira Alta é uma infraestrutura estratégica para a região e liga o país à Europa, o interior ao litoral. É um instrumento de coesão social e territorial, um símbolo de justiça territorial e um pilar de desenvolvimento sustentável.
Por isso mesmo, exigimos:
● Respostas claras da tutela, com um cronograma de intervenção público, transparente e fiscalizável;
● Um compromisso sério com garantias políticas e técnicas que respeitem as populações;
● Responsabilização pelos atrasos acumulados e pelos danos causados;
● Medidas concretas de compensação e recuperação do serviço ferroviário regional, bem como um compromisso de estabelecimento de ligações de acesso às principais localidades (através de transporte complementar).
A Linha da Beira Alta é um direito de ligação entre pessoas, territórios e oportunidades, é um instrumento de desenvolvimento regional e nacional.
Não aceitamos mais silêncio, mais promessas vagas, nem mais comunicados sem consequências.
O Futuro do interior passa pela Ferrovia.
Queremos a Beira Alta na Linha, já!
Beira Alta, 24 de julho de 2025.
Movimento Cívico pela Linha da Beira Alta
Organizações subscritoras:
Associação Move Beiras
ATMU – Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio
AZU – Associação de Zonas Uraníferas
Fundação Lapa do Lobo
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Milvoz – Associação de Protecção e Conservação da Natureza
Movimento Cívico de Nelas
Movimento Estrela Viva
Rural Move – Associação para a Promoção do Investimento em Territórios de Baixa Densidade
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza