
O marco evocativo a Manoel Soares de Pinho Júnior está instalado junto do antigo hospital de apoio a peregrinos.
Os descendentes de Manoel Soares de Pinho Júnior, também conhecido pela alcunha “Manica”, homenagearam o seu familiar na sexta-feira, dia 4 de julho, na freguesia de Madaíl, com a colocação de um marco, junto de uma das suas residências, que contempla o nome completo do homem que ajudou vários desfavorecidos do concelho, e regiões limítrofes, na área do direito, para que todas as gerações, as atuais e vindouras, saibam quem foi Manica.
A neta, Maria João Saloio, foi a mentora da iniciativa. “Esta ideia tem muito tempo. Surgiu numa das visitas que faço regulamente a Madaíl. Eu resido desde muito nova em Évora, mas tive sempre contacto com esta aldeia. Passei aqui a minha meninice, e resido por aqui até idade adulta. Numa dessas visitas deparei-me com uma placa a dizer Rua do Manica. E foi aí entoaram os sininhos na minha cabeça. Fiquei surpreendida e grata. Mas perguntei. Sabem madaílenses sabem quem foi o Manica. Ele merece que os madaílenses conheçam o seu nome e o rosto”, revela a neta ao Correio de Azeméis.
“Ele era um homem do seu século. Nasceu em 1871, por isso foi um homem do século XIX. Um homem de bigode, com tom altivo, era um homem de palavra. Gostava de ajudar quem precisava. Era austero com um temperamento difícil. Sinto orgulho no meu avô, e onde ele estiver, estará certamente grato por esta cerimónia”, afirma Maria João Saloio.
Esta cerimónia evocativa contou com a presença de Olívia Manica, a única filha ainda viva de Manoel Soares de Pinho Júnior. O Quinteto de Metais da Academia de Música de Oliveira de Azeméis abrilhantou a cerimónia com momentos musicais.
Quem foi Manica?
Nasceu a 22 agosto 1871, em Madaíl, quinta junto ao rio. A habitação ficou conhecida como os Moinhos do Manica, que são hoje propriedade da Lactogal. Seus pais, Manuel e Maria Rosa , pessoas humildes, exercendo a atividade de moleiros , mas tendo já algumas posses, ofereceram ao seu filho aquilo que mais valioso podiam dar: instrução e conhecimento.
Estudou no Porto e quando regressou entrou no Tribunal da Comarca de Oliveira de Azeméis como escrivão conselheiro, tendo simultaneamente aberto o seu escritório.
Rapidamente ganhou nome e prestigio, sendo muito considerado nas regiões circundantes .
“A ele recorriam muitas pessoas de fracas posses por verem os seus processos judiciais manipulados e por não terem acesso a uma defesa digna”, recorda Maria João Saloio.
Conviveu com vários nomes sonantes daquela época como o conselheiro Dr. Albino dos Reis, natural de Loureiro, “que praticou no seu escritório no inicio da sua brilhante carreira como jurista e como político”.
A sua última residência foi em Cabo de Vila. Repousa desde o dia 10/03/1947 no cemitério de Oliveira de Azeméis.
