
O Claustro Sul do Palácio Nacional de Mafra foi palco, esta segunda-feira, dia 21 de abril, de uma missa em honra do Papa Francisco, falecido no mesmo dia, aos 88 anos, na residência de Santa Marta, no Vaticano.
A celebração, presidida pelo Padre Lourenço Lino, assinalou também a Segunda-feira de Páscoa, momento simbólico para os cristãos por encerrar a Oitava Pascal.
Na homilia, o sacerdote sublinhou a coincidência significativa entre a data da morte do Papa e a celebração pascal. “Não escolhemos quando partimos, mas é interessante que o Papa tenha partido na Oitava da Páscoa, quando celebramos a ressurreição de Cristo”, afirmou, lembrando que a fé cristã vê a morte à luz da esperança pascal.
Dirigindo-se aos fiéis presentes, o Padre Lourenço pediu que unissem à dor pela partida do Santo Padre, a alegria da Ressurreição. “Que a Sua Páscoa se complete no Céu, quanto antes, com a ajuda das nossas orações”, disse.
Durante a celebração foi proclamada a passagem do Evangelho que relata a visita de Maria Madalena e da outra Maria ao túmulo de Jesus, onde encontraram a pedra removida e o túmulo vazio, sinal da vitória sobre a morte.
O sacerdote destacou ainda o impacto que o Papa Francisco teve desde o início do seu pontificado, em 2013, afirmando que “gerou simpatia entre os mais diversos grupos pela simplicidade com que viveu, pelas palavras que proferia e pela humildade com que liderava”.
“Através da sua simplicidade, o Papa nos ensinou o que é essencial. Ele sempre procurou apontar-nos um caminho verdadeiramente espiritual”, acrescentou.
Na sua reflexão, o Padre Lourenço lembrou também a constante preocupação de Francisco com a “mundanização da Igreja”, defendendo uma Igreja próxima dos mais frágeis, das periferias sociais e existenciais.
“A Igreja tem o dever de chegar a todos”, reiterou, citando as muitas vezes em que o Papa defendeu uma instituição menos institucional e mais misericordiosa.
A misericórdia, aliás, foi apontada como a principal marca do pontificado de Francisco. “O coração de Deus aproxima-se da miséria humana, não para confirmar os nossos pecados, mas porque nos quer bem”, destacou o sacerdote.
Apesar da idade avançada e dos problemas de saúde, o Papa manteve até ao fim uma presença ativa e próxima. “Francisco não era de ferro, mas parecia” afirmou o padre ao lembrar da disposição do Papa em ajudar o próximo.
A cerimónia contou com a presença de várias entidades locais, incluindo representantes da Santa Casa da Misericórdia de Mafra, o presidente da Câmara Municipal, membros da Escola das Armas, da Tapada Nacional de Mafra, entre outras instituições, e dezenas de fiéis.