
A Federação Nacional de Regantes de Portugal (FENAREG) defendeu que a água deve ser considerada uma prioridade estratégica para a agricultura europeia no contexto da nova Política Agrícola Comum (PAC).
A posição foi assumida durante a conferência internacional “Agricultura nos Países do Sul da Europa”, organizada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que reuniu decisores políticos e representantes de organizações agrícolas de vários países mediterrânicos.
O presidente da FENAREG e da Irrigants d’Europe, José Núncio, afirmou que «regar já não é uma opção; é uma necessidade vital para os países do Mediterrâneo», considerando que a resiliência hídrica deve integrar a estratégia agrícola europeia, com financiamento adequado e metas concretas. Referiu ainda que Portugal reduziu o consumo de água na agricultura em 52% nas últimas duas décadas, mas continua a perder 80% das afluências de água superficial devido à ausência de capacidade de armazenamento.
Entre as propostas apresentadas, José Núncio defendeu a construção de novas barragens, a modernização de infraestruturas, o reforço das interligações e o investimento na reutilização de água e no combate às perdas. O responsável destacou que os planos nacionais “A Água que Une”, Plano Nacional da Água (2025-2035) e o Plano REGA, com um investimento previsto de 6,6 mil milhões de euros, estão alinhados com a Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica.
O Ministro da Agricultura e da Pesca, José Manuel Fernandes, afirmou que «sem PAC, não há segurança alimentar na Europa» e defendeu uma política agrícola comum forte, solidária e com orçamento próprio. O governante alertou ainda para os impactos dos Planos de Recuperação e Resiliência nos orçamentos futuros da União Europeia e apelou à criação de recursos próprios europeus.
Da parte da Comissão Europeia, o diretor-geral adjunto da Direção-Geral da Agricultura, Pierre Bascou, assegurou que a nova PAC será mais simples e acessível para os pequenos e médios agricultores, com enfoque na competitividade, sustentabilidade e resiliência hídrica.
No encerramento da conferência, o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, apelou à união dos países do Sul da Europa na defesa de uma PAC justa, adaptada à diversidade climática e produtiva da região, e centrada na gestão estratégica da água.
Durante os diversos painéis, os intervenientes reforçaram a urgência de garantir financiamento adequado, modernizar os sistemas de regadio e criar políticas coerentes com os desafios climáticos. Foi ainda defendida a criação de uma task force europeia para a gestão da água, bem como o reforço do investimento em ciência, inovação e digitalização no setor agrícola.