
As tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações da União Europeia provocam sérios prejuízos à indústria vitivinícola portuguesa, com quedas significativas nas vendas para o mercado norte-americano, que até ao final de 2024 era o segundo maior destino dos vinhos nacionais.
Segundo dados da ViniPortugal, só entre janeiro e junho de 2025, as exportações de vinho português para os EUA caíram 9,7% em comparação com o período homólogo, traduzindo-se numa perda de quatro milhões de euros.
A situação agravou-se com a decisão da Administração norte-americana, liderada por Donald Trump, de aplicar tarifas de 10% às importações de vinhos europeus. No entanto, o setor nacional enfrenta agora um cenário ainda mais preocupante: a possibilidade do agravamento dessas tarifas para 30% a partir de 1 de agosto.
Segundo os produtores, esta medida tornará inviável manter o mercado norte-americano, uma vez que já foram obrigados a baixar os preços para mitigar o impacto no consumidor final. Um novo corte nos valores de venda, para compensar os 30% adicionais, colocaria em risco a sustentabilidade económica de grande parte das operações.
“Baixar 30% ao preço não é possível, geralmente; não é confortável e não tem viabilidade económica para a maioria dos vinhos que exportamos”, alertou Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, em declarações ao jornal Público.
As exportações para os EUA representaram mais de 100 milhões de euros em 2024, demonstrando a relevância estratégica deste mercado para o setor vitivinícola nacional. A imposição de barreiras comerciais mais pesadas levanta preocupações quanto ao futuro das relações comerciais e à capacidade de manutenção da presença portuguesa além-Atlântico.
A ViniPortugal e os produtores portugueses apelam a uma resposta diplomática e económica firme por parte das instituições europeias e nacionais, para defender o setor de mais um golpe severo, num contexto já marcado por desafios logísticos e concorrência global feroz.