
O português Alfredo Almeida, recém-nomeado diretor de formação do Flamengo, está no centro de uma grave polémica no Brasil após declarações proferidas durante a sua apresentação. Ao abordar as características dos atletas africanos e europeus, Almeida afirmou: “A África tem valências físicas como quase nenhuma parte do mundo. Se quisermos ir para a parte mental, temos de ir a outras zonas da Europa ou do globo.”
A frase provocou reações imediatas e acusações de racismo e eugenia, sobretudo por parte de entidades ligadas ao combate à discriminação racial no futebol brasileiro. Marcelo Carvalho, responsável pelo Observatório de Discriminação Racial no Futebol, condenou as declarações, classificando-as como estereotipadas e ofensivas:
“A frase reforça a ideia de que a força pertence aos africanos e a inteligência aos europeus, perpetuando estigmas racistas ainda presentes no desporto.”
A repercussão foi tão intensa que o próprio Flamengo emitiu uma nota oficial, na qual Alfredo Almeida pede desculpa pela forma como se expressou:
“Um trecho específico da minha declaração, isolado do contexto geral, acabou por gerar interpretações que em nada refletem o meu pensamento. Por isso, peço desculpas se, como me expressei, causou qualquer desconforto. Não houve, em momento algum, a menor intenção de soar discriminatório.”
Apesar do pedido de desculpas, o episódio continua a gerar forte debate nas redes sociais, com milhares de comentários a pedir explicações mais claras do clube e ações concretas contra discursos discriminatórios no futebol. Diversas figuras públicas e ativistas juntaram-se às críticas, exigindo uma posição firme da direção do Flamengo.
O caso está agora a ser analisado pelos órgãos internos do clube, num momento em que se discute com cada vez mais intensidade a necessidade de formação em diversidade e inclusão no desporto de alto rendimento.