A CP admitiu hoje o recurso a automotoras UTE 2240 na Linha do Alentejo, em vez do material circulante que assegurava o serviço Intercidades, mas frisou ser “temporário”, sem revelar até quando a situação se irá manter.

Questionada pela agência Lusa, que teve conhecimento de várias queixas de utentes, a CP – Comboios de Portugal também não esclareceu o motivo da alteração do serviço, mas reconheceu “escassez de material circulante para operar no IC [Intercidades] da Linha do Alentejo”.

“A CP optou por uma solução que minimiza o impacto nos clientes, mantendo a totalidade da operação. Esta situação, de caráter temporário, permite aumentar a capacidade média por comboio de 190 para 264 lugares sentados, respondendo às necessidades de procura neste percurso”, limitou-se a destacar a transportadora.

Na quinta-feira, a Federação de Évora do PS denunciou a alteração do serviço, considerando “manifestamente inadequado para longas distâncias” o material circulante que está a ser utilizado pela CP.

No mesmo dia, a Direção Regional do Alentejo do PCP também considerou que as ligações entre Lisboa e Évora “estão a ser feitas com material desadequado da procura” e destacou as “queixas permanentes dos utilizadores”.

No dia seguinte, o deputado do PS eleito por Beja, Pedro Carmo, questionou o Governo sobre a “degradação do serviço de transporte ferroviário entre Lisboa e Beja” que, no troço entre a Estação do Oriente e a Casa Branca, onde os passageiros com destino ao Baixo Alentejo efetuam transbordo, é partilhado com a ligação a Évora.

Ambas as Federações do Partido Socialista, de Évora e Beja, aludiram ao acidente que envolveu um comboio Intercidades e um camião no Fundão, em 18 de junho, como o motivo que levou a CP a “desviar” as composições que eram utilizadas entre Lisboa e Évora para a Linha da Beira Baixa.

A CP, no entanto, não confirmou o motivo, apesar de questionada diretamente pela Lusa sobre o porquê de o serviço está atualmente a ser assegurado por este tipo de material circulante entre Lisboa e Évora.

Também não revelou “desde quando” teve início a alteração nem “até quando se prevê que a situação se mantenha”.

Sobre a tabela de preços, que se manteve inalterada apesar da mudança das condições do serviço, a CP lembrou que “os valores do IC no Alentejo são de base inferior à de outras linhas IC e pouco superior à tabela IR [InterRegional]”.

A transportadora foi também confrontada com o facto de o ar condicionado não funcionar em pelo menos uma das carruagens utilizadas no serviço entre Lisboa e Évora, o que afeta os utilizadores particularmente durante as recentes ondas de calor, nas quais a região do Alentejo é, por natureza, uma das mais severamente afetadas.

Apesar das queixas dos utentes aos próprios revisores na Linha do Alentejo, constatadas pela Lusa e maioritariamente relacionadas com o conforto dos lugares e o calor no interior das carruagens, a CP salientou que, entre a “generalidade dos clientes que utilizam este serviço, verifica-se uma avaliação positiva relativamente a estas automotoras, especialmente ao nível do número de lugares e sistema de climatização”.