
Em Portugal, o corte de ervas e matos como medida preventiva e obrigatória contra incêndios tem sido uma prática comum, especialmente nas áreas rurais próximas a habitações. No entanto, essa ação, realizada geralmente no início da primavera, antes da floração, tem sido objeto de preocupação devido aos seus impactos negativos nos insetos, em particular para as abelhas e outros polinizadores.
As ervas e os matos desempenham um papel fundamental no ecossistema, proporcionando alimento, abrigo e locais de nidificação para muitas espécies de insetos. Além disso, durante a primavera, muitas dessas plantas estão em processo de floração, fornecendo néctar e pólen, fundamentais para a sobrevivência das abelhas e outros polinizadores.
Ao realizar os cortes antes da floração, as plantas são removidas antes que possam cumprir seu papel essencial na cadeia alimentar e na reprodução dos insetos. Isso resulta em perdas significativas para a biodiversidade e pode levar a consequências negativas em longo prazo para o equilíbrio dos ecossistemas.

As abelhas, em particular, são polinizadoras-chave para muitas plantas silvestres e culturas agrícolas. Seus serviços de polinização são vitais para a produção de alimentos e a manutenção da diversidade vegetal. O corte das ervas antes da floração reduz a disponibilidade de flores e recursos para as abelhas, dificultando sua sobrevivência e impactando negativamente a produção de mel e a polinização das plantas.
Além disso, outras espécies de insetos, como borboletas, besouros e moscas, também dependem das plantas em floração como fonte de alimento e abrigo. A remoção prematura dessas plantas afeta negativamente sua diversidade e número populacional.
É importante ressaltar que a prevenção de incêndios é uma preocupação legítima e necessária, especialmente em Portugal, onde os incêndios florestais representam uma séria ameaça. No entanto, é fundamental encontrar um equilíbrio entre as medidas de prevenção e a preservação da biodiversidade.
Especialistas em ecologia sugerem que alternativas mais sustentáveis podem ser implementadas, como a gestão seletiva das plantas, focando nos pontos críticos de risco, e a promoção de práticas de gestão de terras que beneficiem tanto a segurança contra incêndios quanto a conservação da biodiversidade.
É necessário um esforço conjunto entre autoridades governamentais, proprietários de terras e a população em geral para promover ações que considerem os impactos negativos dos cortes prematuros de ervas e matos, garantindo a proteção da fauna e flora local, bem como a segurança contra incêndios.

A preservação dos insetos polinizadores, como as abelhas, é fundamental para a saúde dos ecossistemas e a segurança alimentar
