
Num mês em que o sol finalmente despontou, as vendas de ciclomotores, motociclos e triciclos voltaram a dar sinais de arrefecimento. De acordo com os dados mais recentes, Maio de 2025 fechou com uma quebra de 5,8% nas matrículas de veículos de duas e três rodas face ao mesmo mês de 2024. Já os quadriciclos escaparam à tendência negativa, com uma subida modesta, mas significativa, de 10,1%.
Primeiro semestre a perder gás
Analisando os números acumulados de Janeiro a Maio, a conclusão é clara: o mercado está em retração. Foram matriculados 16.978 veículos de duas e três rodas, menos 10,6% do que no período homólogo do ano passado. O segmento dos quadriciclos, apesar do bom desempenho em Maio, caiu 6,3% nos cinco primeiros meses do ano, totalizando 548 unidades.
Ciclomotores: cada vez mais raros?
Os ciclomotores continuam a sua queda livre. Com apenas 139 unidades matriculadas em Maio, o segmento desceu 9,2% face a 2024. E o acumulado do ano é ainda mais expressivo: menos 30,3%, com apenas 517 novos ciclomotores colocados nas estradas nacionais. Tudo indica que este tipo de veículo está a perder espaço nas preferências dos consumidores.
Motociclos: retração generalizada, elétricos em contraciclo
Os motociclos, apesar de representarem a fatia mais robusta do mercado, também não escaparam à quebra. Foram 4.416 unidades em Maio (menos 5,6%) e 16.389 nos primeiros cinco meses (menos 9,8%).
No entanto, destaca-se um ligeiro crescimento no segmento elétrico, que mesmo com um desempenho fraco em Maio (39 unidades, -41,8%), apresenta um acumulado positivo de +1,5% (199 unidades). Lento, mas promissor.
Dividindo por cilindradas:
- Até 125 cm³: Maio com 2.059 matrículas, queda de 10,1%; acumulado de 6.994 unidades, descida acentuada de 17,9%.
- Mais de 125 cm³: estabilidade quase absoluta em Maio (2.318 unidades, -0,1%), e um recuo ligeiro no acumulado (9.196 unidades, -2,6%).
Ou seja, os motociclos maiores estão a resistir melhor à tendência de descida — talvez por se destinarem a um público mais consolidado ou menos sensível a oscilações económicas.
Triciclos: números discretos e em queda
No universo dos triciclos, os números continuam modestos e a tendência é descendente: 15 unidades em Maio (menos 31,8%) e 72 desde o início do ano (menos 19,1%). Com um mercado tão reduzido, qualquer variação é sentida com impacto.
Quadriciclos: a excepção à regra
Se houve uma categoria a contrariar a maré, foi a dos quadriciclos. Em Maio, com 109 unidades matriculadas, o segmento cresceu 10,1%, graças a uma oferta mais diversificada e a uma procura crescente por alternativas de mobilidade urbana leve. Contudo, o balanço anual continua negativo: queda de 6,3% no acumulado, com 548 unidades registadas.
Conclusão: tempo de travagem moderada
O panorama geral do setor revela um mercado a respirar com alguma dificuldade, condicionado por fatores económicos, inflação e incerteza no consumo. Apesar de alguns sinais positivos — como o desempenho dos elétricos ou a resistência dos motociclos de maior cilindrada —, os dados de Maio confirmam que 2025 não está a ser um ano fácil para o setor das duas rodas em Portugal.
Aguardam-se os próximos meses para perceber se o verão trará consigo um novo fôlego às vendas.