
Depois de ter sido comprada pelo fundo Carlyle por 630 milhões de euros em 2022, a icónica marca italiana de equipamento para motociclistas, Dainese, foi agora transferida por… apenas um euro. Mas não se trata de uma liquidação impulsiva — há uma razão financeira bem clara por detrás deste valor simbólico.
De acordo com fontes como a Bloomberg e La Conceria, a Dainese foi adquirida por um consórcio liderado pelos seus principais credores: HPS Investment Partners e Arcmont Asset Management. A empresa acumulava cerca de 300 milhões de euros em dívidas para com estas entidades, e a operação funcionou como uma conversão de dívida em capital (conhecida como debt-for-equity swap), um mecanismo cada vez mais comum quando uma empresa precisa urgentemente de reestruturar a sua posição financeira.
Este acordo surge após vários aportes financeiros — incluindo 25 milhões de euros recentes — por parte destes investidores, que já terão injetado, no total, cerca de 285 milhões de euros desde 2022 para manter a marca operacional.
A situação da Dainese é delicada: só em 2024, terá registado perdas de 120 milhões de euros, o que levanta dúvidas sobre a eficácia da estratégia de internacionalização em mercados como os Estados Unidos e a China, promovida pelo anterior acionista.
Apesar de ainda não ter confirmado formalmente a transação, a empresa afirma estar em “conversações construtivas com os parceiros financeiros”, com o objetivo de estabilizar as suas contas e recuperar flexibilidade.
Fundada em 1972, a Dainese é uma referência mundial na segurança em duas rodas — presente também no esqui e ciclismo — e conhecida pelas suas inovações em vestuário técnico e proteções, especialmente no MotoGP. Com cerca de mil colaboradores, o futuro da marca dependerá agora da capacidade dos novos proprietários em reerguer o negócio sem comprometer a herança de mais de 50 anos ligada à performance e à proteção.