
Com uma carreira repleta de personagens marcantes e uma paixão inabalável pela representação, Maria do Céu Guerra continua a dar cartas na televisão e no teatro. Numa entrevista intimista, a carismática atriz falou sobre a sua personagem Benedita, da novela A Protegida, e revisitou os papéis mais marcantes da sua carreira, sem esquecer o grupo de teatro que fundou e que continua a ser o grande amor da sua vida artística.
“A Benedita é uma personagem muito gira, está a ser muito prazeroso dar vida a esta mulher, rodeada de mulheres intensas”, começa por dizer, com o sorriso doce de quem conhece bem as falhas e virtudes da sua criação. “É considerada uma mulher forte, boa, bem-intencionada, mas faz muitas asneiras. Acredita em pessoas em quem não deve acreditar, dá informações a quem não devia dar… é uma grande ingenuidade”, explica. Entre risos, confessa que no início não entendia o rumo da personagem: “Vocês querem que esta mulher seja uma chefe de família? Ela só faz disparates!” Ao longo do tempo, porém, o papel foi-se construindo. “E isso é interessante”, afirma a atriz, visivelmente satisfeita com a evolução da personagem. No entanto, sobre a reta final da sua personagem na novela, confessa que a sua morte foi um momento difícil: “Eu não percebi logo que a Benedita ia morrer. E se tivesse percebido bem… não sei se teria aceite. Não gosto de morrer. Ninguém gosta de morrer. Não gosto de estar um dia ou dois a preparar-me para morrer. Gosto muito de morrer em teatro. Quando é quase no fim e depois levantamo-nos e agradecemos. Acho isso ótimo. Aqui não. Nas novelas não podemos”, partilha, visivelmente emocionada. Na vida real, a atriz também reflete sobre a morte. “Penso, penso muito na morte. Penso na pena que tenho de deixar este mundo tão difícil, mas tão interessante.”
Feliz com o ambiente que vive nos bastidores, Maria do Céu Guerra destaca ainda o prazer de contracenar com o elenco mais jovem, nomeadamente Matilde Reymão e Pedro Sousa. “Gosto muito de representar com eles. Transportam as personagens com uma beleza e dignidade que me agrada muito. A Mariana e o Zé Diogo são duas personagens muito bonitas. Têm bom e têm mal, instabilidade e vontade de felicidade. Não são negativos, são humanos. E os atores que lhes dão vida fazem-no muito bem”, partilha.
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Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt); Fotos: Divulgação TVI e redes sociais