"Não podemos, por isso, deixar de repudiar o ato de violência que, na noite de 10 de junho, levou ao cancelamento do espetáculo 'Amor é um fogo que arde sem se ver', em cena no Cinearte, um teatro municipal", escreveu a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC -- Lisboa Cultura) na sua página de Facebook.

A empresa municipal estende ainda a sua solidariedade ao ator Adérito Lopes, que foi atacado por um grupo de extrema-direita e hospitalizado com ferimentos no rosto, assim como a toda a equipa da companhia de teatro.

Os vereadores e eleitos do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) também condenaram "vivamente a agressão perpetrada por membros de uma organização neonazi contra atores da Companhia de Teatro A Barraca, ontem à noite em Lisboa".

"Não pode haver espaço para isto na cidade, nem no país, e este crime não pode ficar impune. Exige-se das autoridades a continuação da identificação e atuação contra os responsáveis (indivíduos e organizações) por esta agressão", lê-se num comunicado que enviaram à imprensa.

Os vereadores e eleitos do PCP na AML manifestaram ainda "toda a sua solidariedade" aos atores agredidos, à companhia e aos seus demais atores e trabalhadores.

O ator Adérito Lopes da companhia de teatro A Barraca foi agredido na noite de terça-feira por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para um espetáculo com entrada livre de homenagem a Camões, disse a diretora da companhia, Maria do Céu Guerra.

Em declarações à Lusa, a também atriz Maria do Céu Guerra contou que foi por volta das 20:00, estavam os atores a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos, quando se cruzaram à porta "com um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.

"Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara", afirmou a também encenadora, de 82 anos, que disse que o ator em causa teve de receber tratamento hospitalar.

Fonte da PSP adiantou à Lusa que foi chamada pelas 20:15 ao Largo de Santos por "haver notícia de agressões", onde foi contactada por um homem de 45 anos, que "informou que, ao sair da sua viatura pessoal, foi agredido por um indivíduo".

A PSP, com as características do eventual suspeito fornecidas pelo ofendido e por um seu amigo, encetou várias diligências nas ruas adjacentes ao Largo de Santos, tendo sido possível localizar e intercetar um homem com 20 anos, suspeito de ser o autor da agressão, adiantou a mesma fonte.

A PSP identificou os intervenientes neste caso - suspeito, ofendido e testemunha - e vai comunicar todos os factos apurados ao Ministério Público.