Os 20 maiores bancos da zona EMEA, em termos de receitas, tiveram um crescimento de 14% no seu rendimento total, subindo de 1,26 biliões de euros em 2023 para 1,44 biliões no ano passado. Os dados são da GlobalData, que destaca estes resultados num contexto de fricção geopolítica e normalização de taxas de juro.

Murthy Grandhi, analista de perfis empresariais na GlobalData, argumenta que a rendibilidade dos bancos vai sofrer constrangimentos, pelo que devem “priorizar a eficiência operacional, a gestão do risco de crédito e o realinhar de estratégias para enfrentar um panorama financeiro global cada vez mais fragmentado”. Dada a redução da margem financeira, lembra, os bancos devem ficar mais dependentes das receitas vindas de comissões e de operações de ‘trading’, o que está em linha com os resultados apresentados até agora relativos ao primeiro trimestre do ano.

Os bancos europeus têm vindo a demonstrar alguma resiliência nos seus resultados, com os rendimentos de comissões e de ‘trading’ a compensarem, parcial ou totalmente, as menores taxas de juro praticadas. No entanto, os perigos macroeconómicos pairam sobre estes números e os líderes dos vários bancos reiteram que não os vão ignorar e pretendem prevenir-se.

Grandhi realça que os bancos da região EMEA têm pela frente um 2025 “desafiante” com a guerra comercial entre grandes potências, acrescida das tensões geopolíticas na Europa e Médio Oriente. Contudo, o analista acredita que instituições com “infraestruturas digitais fortes, exposição geográfica diversificada e almofadas de capital robustas”, como é o caso do HBSC, Santander e BNP Paribas, “estão mais bem posicionadas para absorver choques”.

Bancos russos crescem, UBS e Deutsche Bank vacilam

Olhando para os dados avançados pela GlobalData, é possível averiguar que o HSBC lidera a tabela, tendo obtido uma receita total de 142 mil milhões de euros em 2024, seguido pelo BNP Paribas, com 133,73 mil milhões e o Banco Santander a fechar o Top 3 com um rendimento de 132,5 mil milhões. Apesar de os anteriores liderarem em receitas totais, os campeões do crescimento de receitas foram os russos Sberbank Rossii e o VTB Bank, que aumentaram os seus rendimentos em 54% e 48,4%, respetivamente.

Também com um crescimento assinalável, o BBVA aparece em sétimo nesta lista, com uma receita de 80,9 mil milhões, que equivale a um aumento anual de 30,3%. Este resultado vem de uma maior atividade de concessão de crédito na América Latina e iniciativas de transformação digital, justifica. Já em França, a GlobalData destaca o Société Générale, que teve um aumento de lucro de 68,5%, apesar das receitas terem subido apenas 10,6%.

No Reino Unido, além do HSBC, o Lloyds Banking Group e o Barclays surgem em 11.º e 12.º na lista, tendo o primeiro aumentado as suas receitas em 9,42% e segundo em 12%. Ainda no Top 10, mas com lucros a cair, estão o UBS e o Deutsche Bank. O banco suíço que comprou o Credit Suisse teve uma queda de lucro de 81,4% – precisamente devido aos custos de integração do banco colapsado – apesar do aumento de receitas em 22,3%. Já o maior banco alemão viu o resultado líquido encolher 29,4% ao mesmo tempo que as receitas subiram 12%. A GlobalData atribui este resultado do Deutsche Bank a um período de incerteza económica no país, associado a um risco maior.