
Angola deve pensar no que vai acontecer depois do petróleo e criar uma projecto, denominado “visão de 2075”, considera o jornalista, escritor, diplomata e indicado ao Prémio Nobel da Paz, Henrique Cymerman.
Falando esta Sexta-feira, 04, em Luanda, na Conferência Internacional “Angola: Horizontes para um futuro sustentável”, Henrique elogiou o país lusófono por ter uma população mais jovem no mundo, referindo que a Europa está a envelhecer a um ritmo que pode até ameaçar o equilíbrio democrático e democrático, pois está a provocar mudanças políticas importantes, com uma onda de populismo.
“Aqui está uma população muito homogénea, muito jovem. Um país com recursos deve lutar contra a pobreza, mas, sobretudo, é preciso evocar esses jovens para o novo mundo que observa a inteligência artificial, tecnologia e a ciberseguraça. O Papa Francisco, com quem tive a honra de trabalhar durante 12 anos, sempre dizia que África não é o futuro, é o presente (…)”, disse.
Henrique Cymerman entende que Angola deve pensar nos próximos 50 anos e não apenas nos problemas de amanhã, apelando prioridade às próximas gerações.
“É preciso diversificar a economia, é preciso pensar recursos que venham de outros lados. Não podemos permitir perder o comboio neste caso, é investir em tecnologia, na educação e no empreendedorismo para transformar Angola como centro de inovação de África e do mundo”, advertiu.
Para o jornalista, que abordava o tema “Geopolítica em Movimento”, Angola tem um potencial para voltar a ser o celeiro de África, sendo que devido à localização geográfica, pode se transformar num corredor comercial entre países sem litoral e os mercados globais Angola.
“A costa atlântica angolana está se tornar cada vez mais relevante nas rotas marítimas mundiais. Angola tem outro grande benefício, tem laços históricos com a China, Rússia, Brasil e com Portugal. Por isso, pode tornar-se um espécie de ponte entre o sul global e as potencias globais”, apontou.
Henrique Cymerman Benarroch é um também professor universitário português de nacionalidades portuguesa, espanhola e israelita que trabalha como correspondente do Médio Oriente para a La Vanguardia.
Entre 2005 e 2012, publicou o livro ‘Vozes do Centro do Mundo: O conflito árabe-israelita contado pelos seus protagonistas’, em seis idiomas, em que inclui entrevistas com personagens fundamentais na região, tais como Yasser Arafat; Shimon Peres; o líder do Hamas, Ahmed Yassin; Omar bin Laden, o filho de Osama bin Laden; Mahmoud Abbas e a última entrevista de Isaac Rabin. Foi ainda co-autor com Jorge Reis-Sá no livro ‘Francisco: de Roma a Jerusalém’, que narra a viagem do Papa Francisco à Terra Santa.
Licenciado na Universidade de Tel Aviv em Ciências Sociais, seguindo-se o Mestrado em Ciências Políticas e Sociologia, foi docente na mesma Universidade, onde aperfeiçoou o seu conhecimento de hebraico e árabe, até ter sido contratado em 1982 pelo jornal israelita Maariv para trabalhar como correspondente na Península Ibérica.