O choque entre o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, e a chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, é cada vez mais evidente. O Financial Times relatou, nesta terça-feira, um novo episódio que ilustra bem a tensão existente entre as duas personagens. Na sua edição digital, o jornal refere que Andrew Bailey interveio para impedir uma reunião que a chanceler Rachel Reeves tentou agendar entre os órgãos de supervisão financeira e a Revolut.

Reeves, que pretende que a Revolut seja totalmente autorizada a operar como banco o mais rápido possível, tentou marcar uma reunião tripartida com funcionários do Tesouro, representantes da fintech e da Autoridade de Regulação Prudencial do Banco de Inglaterra — entidade que supervisiona os bancos e é liderada por Sam Woods. A reunião tinha como objetivo discutir as ambições da Revolut de se tornar um banco britânico de pleno direito. Embora o pedido da Revolut para obter uma licença bancária tenha sido aprovado no ano passado, a autorização ainda não foi concedida na totalidade.

Contudo, a reunião acabou por ser cancelada após a intervenção de Bailey, segundo o jornal, que terá ficado bastante incomodado com o que considerou ser uma tentativa de ingerência política no organismo de supervisão bancária.

Na semana passada, Bailey sinalizou publicamente a sua frustração relativamente às intenções de Reeves no que toca à simplificação das normas que regem a City, em particular à intenção de recuar nas regras que exigem a separação, nos bancos britânicos, entre as atividades de banca de retalho e de banca de investimento.

Falando na Comissão do Tesouro, Bailey também se distanciou dos comentários feitos por Reeves no seu discurso na Mansion House, este mês — discurso esse em que esteve presente, como convidada, a comissária europeia Maria Luís Albuquerque —, nos quais afirmou que algumas regulamentações atuavam como “uma bota no pescoço dos negócios”. Bailey respondeu: “Eu não uso esses termos”.

Os aliados de Reeves insistem que a chanceler está satisfeita com a forma como a regulamentação dos serviços financeiros tem evoluído no sentido de apoiar o crescimento e que os seus comentários se dirigiam aos reguladores de outras áreas da economia, escreve o Financial Times