
O empresário do setor naval, Jonh Fredriksen, é um dos mais recentes bilionários que avisaram que a “Grã-Bretanha está a ficar um inferno” e que pretende deixar o país. Para isso está a vender a sua mansão georgiana, com mais de três séculos de história, em Londres, juntando-se a um êxodo em massa de residentes super-ricos que estão a deixar o Reino Unido, numa anunciada vaga de fuga de capitais.
Tanto quanto apurou a Forbes Internacional, Fredriksen terá despedido mais de uma dúzia de empregados domésticos e está a organizar visitas discretas à mansão de 30 mil metros quadrados, conhecida com o nome The Old Rectory, consolidando assim a ideia da sua saída. Situada em Chelsea, esta mansão é uma das casas mais caras da Grã-Bretanha, com um valor estimado de 250 milhões de libras (cerca de 288 milhões de euros), e inclui 10 quartos, um salão de baile e dois acres de terreno, detendo o terceiro maior jardim privado de Londres.
Jonh Fredriksen fechou a sede da Seatankers Management, uma das suas empresas privadas de transporte marítimo, em Londres, no início deste ano.
Segundo a Forbes Internacional, Jonh Fredriksen, cidadão cipriota de 81 anos, é atualmente a 136ª pessoa mais rica do mundo. Ele tem um património líquido estimado em 17,3 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros), que acumulou nos negócios de petróleo e transporte marítimo. Hoje, o seu império inclui petroleiros, graneleiros, navios de transporte de GNL e plataformas de perfuração em águas profundas. Espera-se que ele passe o controlo do seu império para as suas filhas gêmeas, Cecilie e Kathrine Fredriksen.
Empresário vai mudar-se para os Emirados Árabes Unidos
A decisão de vender a famosa propriedade surge um mês depois de Fredriksen ter culpado a abolição do estatuto fiscal de não residente – que anteriormente permitia aos residentes não cidadãos pagar apenas impostos britânicos sobre o dinheiro que ganhavam no país – pela sua decisão de deixar o Reino Unido. O empresário confirmou à E24, uma publicação norueguesa, que se estava a mudar para os Emirados Árabes Unidos, tendo declarado que «o mundo ocidental está em declínio». Jonh Fredriksen fechou a sede da Seatankers Management, uma das suas empresas privadas de transporte marítimo, em Londres, no início deste ano. De acordo com o estudo da Henley & Partners sobre a riqueza mundial, os Emirados Árabes Unidos vão receber cerca de 9.800 novos milionários ainda este ano. Juntas, estas pessoas de alto rendimento, devem ter um património estimado em 63 biliões de dólares (cerca de 54 biliões de euros).
Jonh Fredriksen comprou esta propriedade em Londres por 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros) em 2001.
A Old Rectory, em Chelsea, remonta à década de 1720 e o local era antigamente a residência do reitor da igreja paroquial de Chelsea, que data de 1157. Foi remodelada na década de 1990 e vendida ao magnata grego dos transportes marítimos Theodore Angelopoulos, em 1995 por 30 milhões de dólares (cerca de 25 milhões de euros) tendo mantido durante muito tempo o recorde da maior e mais cara venda imobiliária de Londres. Fredriksen comprou a propriedade por 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros) em 2001 e, segundo consta, recusou uma oferta não solicitada de 100 milhões de libras (cerca de 115 milhões de euros) do oligarca russo Roman Abramovich para comprar a propriedade em 2004.
Fuga de ultra-ricos no Reino Unido
Jonh Fredriksen é o mais recente dos residentes super-ricos do Reino Unido a deixar o país. A Grã-Bretanha está a perder milionários mais rapidamente do que qualquer outro dos países mais ricos do mundo, de acordo com o relatório da. O estudo estima que 16.500 milionários deixem o país ainda este ano. O Reino Unido ocupa o quinto lugar no mundo em termos de população de indivíduos com alto património líquido (ou seja, com um milhão de dólares ou mais), mas é o único dos 10 países mais ricos do mundo a ter um crescimento negativo de milionários na última década.
As reformas fiscais — incluindo um aumento no imposto sobre heranças, imposto sobre o valor acrescentado de 15% sobre as propinas de escolas privadas e mudanças no sistema fiscal baseado na residência — tornaram o Reino Unido cada vez menos atraente para investidores de alto património, relata a Henley. Outros que deixaram recentemente a Grã-Bretanha incluem os bilionários Christian Angermayer e Nassef Sawiris, proprietário do Aston Villa.
Curiosamente, Montenegro, pequeno país situado nos Balcãs, registou o maior crescimento percentual de milionários em relação a qualquer outro país na última década. A sua população milionária cresceu 124%. Os Emirados Árabes Unidos estão em segundo lugar, com 98%, seguidos por Malta, que registou 87%. Os EUA cresceram 87% e a China 74%.
(Com Mary Whitfill Roeloffs/Forbes Internacional)