A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar e até as pequenas e médias empresas terão de apanhar este comboio, para não correrem o risco de ficarem para trás. Foi a pensar na democratização do acesso a produtos de IA, contribuindo para a transformação digital das PME, que nasceu o novo projeto NeoPME. Fundado pela mão de três empreendedores, Pedro Sousa, atual CEO, João Prior e Miguel Morgado, o novo marketplace nacional disponibiliza 10 produtos de IA, desenvolvidos para apoiar este segmento empresarial a resolver desafios diários e a melhorar a sua eficiência.

O marketplace conta com o conhecimento profissional de 15 especialistas de indústria, que têm capacidade de entender os processos das empresas e de desenhar produtos adaptados à sua realidade. Esses especialistas não só ajudam no desenvolvimento dos produtos, mas também garantem que sejam integrados de forma eficaz, para que as PME aproveitem ao máximo a tecnologia para otimizar as suas operações. Ou seja, segundo a empresa, o NeoPME posiciona-se como um facilitador da adoção de IA nas PME, trazendo produtos concretos que ajudam as empresas a crescer de forma mais eficiente e digitalmente preparada.

A NeoPME é uma plataforma na qual qualquer PME pode encontrar soluções de IA, com apoio de especialistas e sem barreiras técnicas ou necessidade de grandes investimentos em infraestruturas.

Pedro Sousa, que lidera o projeto, trouxe a sua experiência de consultoras como a PwC e a Deloitte, na área financeira, e ainda numa uma passagem pela startup Comudel, focada em PME. João Prior tem experiência na vertente tecnológica, com mais de 20 anos na área, tendo passado pela Deloitte e atualmente está na Growset, onde investe e potencia um ecossistema tecnológico. Já Miguel Morgado aporta experiência em Private Equity, tendo nos últimos anos trabalhado na Atena Capital e acompanhado de perto o desenvolvimento operacional de várias PME em sectores distintos.

A Forbes Portugal conversou com Pedro Sousa, CEO, sobre este novo conceito e sobre as suas ambições futuras.

Como e quando surgiu a ideia deste marketplace? Que necessidade sentiram no mercado para avançar com este projeto?

A ideia da NeoPME nasceu do contacto direto com o ecossistema empresarial português e da constatação de uma realidade incontornável: 99% das empresas em Portugal são PME, e a maioria ainda opera com processos manuais, pouco eficientes e pouco digitalizados. A nossa equipa, com experiência em tecnologia, capital de risco e consultoria, percebeu que a Inteligência Artificial tinha finalmente atingido um ponto de maturidade que permitia democratizar o acesso a soluções avançadas, antes reservadas apenas às grandes empresas.
O mercado pedia simplicidade, rapidez e resultados concretos. Sentimos que faltava um parceiro capaz de traduzir os desafios do dia-a-dia das PME em produtos de IA práticos, fáceis de implementar e com impacto imediato nos custos, na produtividade e na tomada de decisão. Assim surgiu o nosso marketplace: uma plataforma na qual qualquer PME pode encontrar soluções de IA, com apoio de especialistas e sem barreiras técnicas ou necessidade de grandes investimentos em infraestruturas. O nosso compromisso é claro: descomplicar a Inteligência Artificial e garantir que qualquer PME pode beneficiar desta tecnologia para crescer, inovar e competir ao mais alto nível. Acreditamos que, ao aproximar a IA do tecido empresarial português, estamos a desbloquear um enorme potencial de transformação e eficiência.

Quem são os vossos acionistas e como financiam o projeto?

O projeto NeoPME é fundado por uma equipa multidisciplinar e complementar com valências distintas. O Pedro Sousa, que conta com passagens pela PwC e Deloitte, assim como pela startup Comudel, o Miguel Morgado que tem uma vasta experiência junto de PME através do capital de risco conhecendo as dinâmicas próprias deste segmento de empresas, e ainda o João Prior trazendo a componente tecnológica.

Concretamente, como vai ajudar as PME? Que problemas vai resolver?

O potencial da IA nas PME é enorme, sobretudo num contexto empresarial ainda marcado por processos obsoletos e pouco eficientes. A NeoPME apoia as empresas em várias áreas críticas do negócio, tornando a Inteligência Artificial acessível e prática para empresas de diferentes setores. Os nossos produtos ajudam a automatizar tarefas administrativas, otimizar operações logísticas, melhorar a gestão comercial, centralizar informação dispersa e facilitar a análise de dados, permitindo decisões mais rápidas e informadas. Estes exemplos mostram que a IA da NeoPME não é abstrata – resolve problemas reais, reduz custos, aumenta a eficiência e permite que as PME se foquem no que realmente importa: crescer e inovar.

“A nossa equipa, com experiência em tecnologia, capital de risco e consultoria, percebeu que a Inteligência Artificial tinha finalmente atingido um ponto de maturidade que permitia democratizar o acesso a soluções avançadas, antes reservadas apenas às grandes empresas”.

O que vos distingue de outras consultoras ou projetos concorrentes?

O que realmente nos distingue de consultoras ou outros projetos é que a NeoPME não é uma consultora tradicional nem trabalha com projetos à medida. Somos um marketplace de produtos de Inteligência Artificial prontos a integrar-se nos sistemas das empresas, entregando valor desde o primeiro dia. Enquanto as consultoras tipicamente vendem projetos longos e implementações personalizadas, nós apostamos em soluções de produto, desenhadas para serem intuitivas, fáceis de configurar e adaptáveis à realidade de cada PME.
A nossa diferenciação assenta em três pilares: produto, especialistas e modelo de subscrição. Os nossos produtos foram desenvolvidos com o envolvimento direto de especialistas (mais de 15) de várias indústrias e várias dezenas de anos de experiência, garantindo que respondem a desafios reais e específicos do mercado. Além disso, o modelo de subscrição oferece flexibilidade e elimina barreiras de entrada, permitindo que as empresas beneficiem das nossas soluções sem compromissos de longo prazo ou investimentos iniciais elevados. No fundo, posicionamo-nos como parceiros de inovação contínua, com soluções escaláveis, rápidas de implementar e sempre acompanhadas pelo conhecimento prático de quem conhece o terreno. Isto permite-nos ser mais ágeis e alinhados com as necessidades dos empresários, ao contrário do modelo tradicional de consultoria, que tende a ser mais moroso e menos flexível

Qual é o vosso modelo de negócio?

O nosso modelo de negócios é direto e transparente: disponibilizamos um catálogo de produtos de Inteligência Artificial, prontos a serem integrados nas empresas, permitindo que cada PME escolha as soluções que melhor respondem às suas necessidades. Cada produto tem um custo inicial de setup, correspondente à configuração e integração com os sistemas existentes, seguido de uma subscrição mensal que varia consoante a complexidade e o valor do produto. Em alguns casos, oferecemos ainda componentes pay-per-use, para que o investimento acompanhe o real uso e crescimento do cliente. Este modelo garante flexibilidade, previsibilidade de custos e acessibilidade, tornando a adoção da IA simples e sem barreiras para as PME.

Quais as vossas ambições para o mercado nacional? O que esperam alcançar no próximo ano, e nos próximos três e cinco anos?

A ambição é grande, e queremos medi-la através de impacto e valor. Acima de tudo, estamos cá para apoiar as empresas, sendo aliados e catalisadores do seu crescimento. Queremos potenciá-las. A nossa ambição para o mercado nacional é clara: queremos ser o parceiro de referência das PME portuguesas na adoção da Inteligência Artificial, contribuindo de forma direta para a modernização e crescimento sustentável do tecido empresarial. No primeiro ano, o foco está em consolidar a marca NeoPME, garantir um onboarding simples e eficiente dos clientes e validar o impacto dos nossos produtos em diferentes setores.

“Não queremos apenas vender tecnologia, mas também preparar os empresários para liderarem a transformação digital das suas empresas. Por isso, investimos fortemente em formação prática, tanto através de conteúdos próprios como em parceria com instituições (…)”.

O nosso objetivo é chegar às centenas de clientes em 2026, apostando num crescimento acelerado, mas sustentável, sempre alinhado com as necessidades reais das empresas. A médio prazo, nos próximos três anos, pretendemos expandir o portfólio de produtos, reforçar a equipa de especialistas e garantir presença em todos os principais setores da economia portuguesa. Em cinco anos, queremos ser reconhecidos como o marketplace de IA de referência para PME em Portugal, com milhares de clientes ativos e uma faturação que reflita não só o crescimento do negócio, mas sobretudo o valor criado para os nossos clientes.

Que estratégias de abordagem ao mercado estão a implementar? Como chegar aos clientes e como conquistá-los?

A nossa estratégia de abordagem ao mercado assenta em dois grandes pilares: capacitação e proximidade às PME. Não queremos apenas vender tecnologia, mas também preparar os empresários para liderarem a transformação digital das suas empresas. Por isso, investimos fortemente em formação prática, tanto através de conteúdos próprios como em parceria com instituições de referência como a Nova FCT, para que os nossos clientes ganhem autonomia, espírito crítico e confiança na adoção da Inteligência Artificial. Muitos empresários ainda não sabem, mas existe muito potencial dentro das suas organizações. Queremos que as empresas desenvolvam competências para identificar oportunidades de melhoria, compreender o potencial da IA para além dos exemplos mais conhecidos, e sintam confiança para liderar a transformação digital dos seus negócios.

“Acreditamos que a personalização da abordagem, o foco nas necessidades concretas de cada PME e a aposta em conteúdos relevantes são essenciais para conquistar e fidelizar clientes”.

O nosso objetivo é que os empresários portugueses não só acompanhem os avanços tecnológicos, mas também se tornem protagonistas dessa mudança. Os nossos empresários são muito bons, mas queremos que fiquem ainda melhores. Ao mesmo tempo, apostamos numa presença ativa junto das empresas, combinando canais digitais – como o nosso site, redes sociais e campanhas de marketing de conteúdo – com iniciativas presenciais, como eventos, conferências e parcerias com associações empresariais. Estes momentos de contacto direto, como o próximo evento com a AERLIS, são fundamentais para criar relações de confiança, ouvir as necessidades reais dos empresários e demonstrar, na prática, o valor das nossas soluções.

Acreditamos que a personalização da abordagem, o foco nas necessidades concretas de cada PME e a aposta em conteúdos relevantes são essenciais para conquistar e fidelizar clientes.

De que forma a IA vai mudar ou vai ter impacto no negócio das PME? Que mudanças vai trazer ao mercado dos pequenos negócios?

Sempre que um produto é adquirido, garantimos que a complexidade técnica fica sempre do nosso lado. Para além disso, a IA tem o potencial de transformar processos manuais e burocráticos, que são particularmente comuns em empresas menos digitalizadas – ou seja, muitas vezes é nestes contextos que o impacto é mais imediato. Queremos ter impacto direto nas margens das PME. Acreditamos que a IA pode trazer muito valor no lado da receita, aumentando-a, contudo a maioria dos produtos foi construído para reduzir o lado do custo. IA traz eficiência e automatização, proporcionando assim uma melhor aplicação dos recursos disponíveis. As consequências são claras: não só melhorar as margens, mas também criar valor acrescido para os clientes.

Em quanto a NeoPME pode reduzir os custos às empresas? E em quanto pode aumentar a eficiência?

Ficámos imediatamente satisfeitos com o nosso primeiro cliente, que subscreveu o NeoLog. Trata-se de uma empresa que faz manutenção de equipamentos tecnológicos espalhados pelo país. Esta empresa tem mais de 100 técnicos espalhados pelo país e mais de 300 ocorrências diárias. Contudo a alocação dos técnicos às ocorrências era feita de forma manual, exigindo três pessoas exclusivas para esse trabalho. Através da utilização do NeoLog, foi possível realocar duas pessoas a outras tarefas mais valorizadas ficando apenas 1 a supervisionar o que a IA estava a alocar. Não só permitiu otimizar a alocação de recursos em 66% como a qualidade do nível serviço aumentou mais de 20 pontos percentuais.