A Inteligência Artificial (IA), presente em todas as áreas do nosso quotidiano, está a transformar o mundo a uma velocidade sem precedentes. No entanto, há 12 situações em que a IA nunca nos vai igualar.
- O algoritmo não possui inteligência emocional
Em primeiro lugar, nenhum algoritmo, por mais sofisticado que seja, vai-nos compreender como nós nos compreendemos uns aos outros. A empatia, o sentir o que o outro sente, o saber pôr-se no lugar do outro e o perceber nas entrelinhas o que não foi referido são capacidades exclusivas do homem.
Nos negócios, a inteligência emocional é mais do que um statement: é essencial. Saber ouvir, gerir com bom senso, identificar o esforço dos colaboradores e adaptar a liderança aos vários perfis são comportamentos que nenhuma IA vai ter de forma natural, pois há uma clivagem abismal entre ‘reconhecer padrões’ e ‘reconhecer pessoas’.
- As linhas de código não sentem amor nem empatia
É tentador pensar que a Inteligência Artificial pode reproduzir tudo. No entanto, o amor— esse motor que move pais, chefes, professores, cuidadores, empreendedores e visionários —não é imitável.
Pode ser que uma IA diga as palavras mais acertadas e faça gestos definidos; porém não há nenhum código informático que esteja habilitado a sentir o que quer que seja: amor, zelo, compaixão ou sacrifício.
A empatia não é apenas detetar emoção. É responder com prudência, é estar presente. Nas dinâmicas humanas — sobretudo no trabalho em equipa, na gestão de profissionais, no cuidado com o cliente — isso é insubstituível.
- A IA não tem sensibilidade para compreender o negócio
No mundo corporativo há uma característica silenciosa que separa líderes visionários dos gestores operacionais:a destreza para ler o contexto, estar atento às nuances e captar a alma do negócio.
A Inteligência Artificial pode analisar dados, prever tendências e sugerir caminhos. Contudo, quem alcança o porquê de determinadas decisões, quem perceciona o timing exato, quem incorpora a cultura da empresa e quem entende o cliente para lá dos números é apenas o indivíduo.
É por isso que skills comonegociação, proatividade econsistência serão sempre pilares. Porquenegociar pressupõe compreender emoções não ditas, ser proativo requer iniciativa e julgamento e ser consistente exige um propósito interno que não se esgota nas estatísticas.
- Criatividade genuína e inovação disruptiva pertencem ao homem
Apesar de a IA gerar conteúdo criativo impressionante, a nossa criatividade ultrapassa a recombinação de padrões. Ela nasce da experiência subjetiva, de fazermos conexões inesperadas entre conceitos aparentemente não-relacionados e da coragem de quebrarmos regras estabelecidas.
A inovação disruptiva surge com frequência de insights que desafiam o modus operandi convencional. Só o homem tem a faculdade de questionar premissas primordiais, imaginar possibilidades que não constam nos dados de treino da IA e apresentar ideias que emergem da intersecção entre diversos domínios do conhecimento e da prática.
Além disso, a criatividade está ligada à nossa capacidade de sonhar, de visualizar futuros e de sermos movidos por paixões e obsessões que nos levam a explorar territórios desconhecidos e nos quais a IA não participa.
- Pensamento crítico e julgamento contextual não são para as máquinas
Ainda que a IA possa processar vastas quantidades de informação, o nosso pensamento crítico é mais do que análise lógica. Somos dotados de mecanismos que nos permitem questionar, identificar vieses, ponderar questões éticas e tomar decisões com base em critérios complexos e por vezes conflituantes.
Este know-how é bússola valiosa em cenários ambíguos, em que não há uma direção correta. Os humanos estão aptos a mergulhar na densidade moral e contextual, considerar múltiplas perspetivas e optar por algo que balance valores e prioridades.
- Liderança autêntica e que inspira não é programável
A real liderança vai muito além da gestão de tarefas ou da otimização de procedimentos. Requer o talento de inspirar outros, de comunicar uma visão compelling e de estimular cada um a alcançar o seu potencial máximo.
E este tipo de leadearship está profundamente enraizada na autenticidade humana e no facto de sermos capazes de estabelecer laços emocionais sólidos e com impacto.
Um bom líder não se limita a dirigir — ele influencia, garante mentoria e empodera outros. E contaminar de modo positivo através do exemplo, da vulnerabilidade sincera e da paixão honesta é um exclusivo nosso.
- Adaptabilidade complexa e aprendizagem contextual precisam de ADN
Enquanto a Inteligência Artificial pode ser programada para se ajustar a novos dados dentro de parâmetros específicos, nós somos muito mais flexíveis e contextuais.
Tão-somente os seres humanos têm o poder de transferir aprendizagens entre diferentes domínios, de improvisar soluções originais em situações extraordinárias e de moldar-se a mudanças fundamentais no ambiente.
Esta adaptabilidade supera a mera resposta a recentes inputs. Ela inclui a capacidade de repensar 360º as abordagens, de aprender com falhas de formas não-lineares e de integrar peugada emocional e racional na tomada de decisões.
- Negociação e diplomacia são caraterísticas das pessoas
A verdadeira negociação é uma arte que combina análise racional com intuição, leitura de sinais não-verbais e aptidão para construir vínculos que transcendem transações individuais.
Enquanto a Inteligência Artificial pode otimizar outcomes retirados de uma avaliação de dados, os humanos conseguem tomar o peso às complexidades emocionais e culturais que são preciosas para negociações bem-sucedidas.
A nossa diplomacia pressupõe entender motivações profundas, conquistar confiança ao longo do tempo e encontrar soluções win-win que equacionam os resultados imediatos e, em simultâneo, as implicações relacionais a longo prazo.
- Intuição e tomada de decisão têm por base histórico de vida
A intuição decorre do nosso percurso que vai ficando armazenado no subconsciente. E este é ativado pelo corpo quando ‘sentimos’, sem explicação factual, que algo está certo ou errado.
Este conhecimento tácito é individual e contextual, tornando-se ainda mais valioso em conjunturas de alta incerteza, em que a informação é limitada ou ambígua e em que é preciso efetuar escolhas rápidas tendo em conta sinais que podem não ser quantificáveis.
- Comunicação e storytelling requerem talento
Embora a IA possa gerar texto fluente e até persuasivo, a nossa comunicação pura não fica circunscrita às palavras. Esta inclui partilha de experiências singulares, uso de linguagem corporal e tom de voz para transmitir significado e ajustar o discurso em tempo real segundo o que o público está a ‘pedir’.
O nosso storytelling é particularmente poderoso porque está alicerçado na bagagem individual e na capacidade de encetar conexões emocionais através de narrativas que ressoam com as práticas comuns da condição humana.
- Mentoria e desenvolvimento humano não se limitam a carregar num botão
A mentoria eficaz requer ver potencial em outros, customizar abordagens de desenvolvimento de acordo com cada perfil e partilhar não apenas sabedoria académica, mas também o savoir-faire adquirido através do quotidiano.
Um coach identifica necessidades de evolução que transcendem os atributos técnicos, oferecendo orientação sobre navegação de políticas organizacionais, aperfeiçoamento de resiliência e crescimento como pessoa integral.
- Ética aplicada e responsabilidade moral são de carne e osso
Enquanto a IA pode ser programada com regras éticas, o uso de princípios morais em casos delicados requer julgamento humano. Só nós possuímos ferramentas para avaliar questões éticas em quadros especiais e tomar decisões que põem na balança eficiência, justiça, compaixão e responsabilidade social.
E isto é elementar em profissões estruturais como medicina, direito, educação e qualquer área em que as opções em causa tenham consequências consideráveis para o bem-estar de todos nós.
Carla Geraldes,
Project Manager Officer na Consultora LTPlabs