O futebol vive cada vez mais da necessidade de resultados imediatos, mas Xavi Hernández acredita que não deve ser esse o caminho. O ex-jogador e ex-treinador do Barcelona defende que é preciso tempo para construir projetos futebolísticos que deem frutos e dá exemplos, como o atual plantel do Barça, e fala de Ruben Amorim.

"É preciso tempo. Mesmo agora, o Barcelona está em construção. Fui criticado quando o disse como treinador da equipa, mas reparem que o Lamine tem 17 anos. Cubarsi tem 18, Pedri tem 22, Gavi tem 20 e o Baldé tem 21. Mas se não ganhas nada numa época, as pessoas entram logo em pânico. Por exemplo, sei que o Man. United está a ter uma época muito difícil, mas entendo o que Ruben Amorim está a tentar fazer. Está no início do projeto e vejo uma coisa: os jogadores estão a lutar por ele. Isso é fundamental. Simeone é outro - goste-se do estilo ou não - os jogadores correm e lutam por ele", analisou o espanhol de 45 anos, em entrevista ao 'The Athletic'.

Dentro do mesmo tema, o campeão mundial e europeu pela seleção roja aproveitou para defender Carlo Ancelotti, que foi o seu grande rival durante as três épocas que esteve ao leme dos blaugrana. Considera que as críticas que têm caído sobre o treinador do Real Madrid, por uma temporada que não está a correr de feição, não fazem sentido.

"Não é justo. Ganhou alguns 30 títulos em dez anos e criticam-no como se nunca tivesse ganho nada. O Ernesto Valverde [treinador do Athletic Bilbao] disse-o na perfeição: 'Se criticam Ancelotti, que esperança há para todos os outros?'. A pressão em Espanha é muito difícil, especialmente em Barcelona e em Madrid", aponta o técnico catalão.

Xavi encontra-se afastado dos bancos, desde que saiu do comando técnico dos blaugrana no final de 2023/24, e admite que não sente pressão para voltar rapidamente: "Não tenho pressa, mas gostaria de pegar num bom projeto. Um projeto em que me digam que tenho quatro anos para trabalhar e para o desenvolver. Adoraria trabalhar na Premier League, por causa da paixão que se vive lá. Mas não tenho qualquer obsessão. Estou tranquilo a ver futebol e a passar tempo com a minha família."

Sobre jogadores que lhe enchem as medidas no futebol atual, o antigo médio refere dois portugueses: "Pedri é um dos melhores. Não perde uma bola e toma sempre as melhores decisões com ela no pé. Frenkie De Jong e Vitinha também estão num grande momento e eu foco-me muito nos médios. Bruno Fernandes é outro jogador de topo. É um guerreiro e só pensa em vencer. Tem talento e tem paixão."