Ben Turner foi chamado pela Ineos Grenadiers à última hora para a Volta a Espanha e já justificou a decisão tardia da sua equipa, ao conquistar a quarta etapa, com um longo sprint em subida em que superou os principais favoritos ao triunfo numa chegada como a que se deparou ao pelotão compacto em Voiron, em França, o belga Jasper Philipsen e o dinamarquês Mads Pedersen. 

O corredor britânico encontrava-se a competir no Renewi Tour, quando na véspera da partida da Vuelta em Turim, no último dia 22, os responsáveis da Ineos disseram-lhe para abandonar a corrida belga, arrumar as malas e apresentar-se no dia seguinte no Piemonte italiano para substituir o colega australiano Lucas Hamilton, que adoecera, no arranque da competição espanhola.

Ben Turner viu-se, inesperadamente, a participar na sua segunda grande volta esta temporada, após o Giro de Itália, e logo na primeira etapa, com chegada a Novara, ficou à beira do top-10, na 12.ª posição, em dia de vitória de Jasper Philipsen.

Ao quarto dia, igualmente numa chegada em pelotão, mas mais seletiva, o corredor de 26 anos impôs-se ao velocista da Alpecin-Deceuninck para garantir o terceiro sucesso em profissionalismo – dos quais os dois primeiros foram na recente Volta à Polónia -, o primeiro nas três grandes.

«Nem acredito que venci. Há duas semanas estava a correr na Bélgica e hoje ganho na Vuelta. É de loucos!», começou por declarar, satisfeitíssimo, Ben Turner, após a etapa. As duas últimas semanas têm sido fantásticas. Venci duas etapas na Polónia e agora aqui, a primeira numa grande volta», acrescentou o corredor de Doncaster, a cumprir a quarta temporada na Ineos.

Num sprint numa reta inclinada, Ben Turner superou Jasper Philipsen e o lançador do velocista belga, o compatriota Edward Plackaert. «Estava rodeado de excelentes sprinters. Jasper é dos melhores do mundo. Os últimos 100 metros foram terríveis, sofri bastante, nunca mais acabavam», contou o vencedor.    

Batido na sua especialidade, Philipsen não pôde somar a prevista segunda vitória na presente edição da Vuelta. «O sprint não correu bem. O Edward [Plackaert] não me ouviu dizer para sair para a direta, devido ao ruído dos espectadores. Por isso, perdi o tempo de lançamento e tive de me desviar demasiado, fiquei fechado uns instantes e foi quando o Ben Turner passou e ganhou uma vantagem irrecuperável», explicou o belga, que procura a quinta vitória em 2025. «De qualquer modo, não tive boas sensações durante toda a etapa», reforçou,    

Em dia de despedida de Itália, com chegada a França após 206,7 quilómetros desde Susa, ainda no país da bota, o francês David Gaudu (Groupama-FDJ) arrebatou a camisola vermelha ao dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), devido à soma de classificações nas etapas já cumpridas, uma vez que mantêm a igualdade de tempos com que partiram para esta jornada. O italiano Giulio Ciccone (Lidl-Trek) é terceiro, a oito segundos.

João Almeida (UAE Emirates) concluiu a etapa na 44.ª posição, com o mesmo tempo do vencedor, e preserva a 11.ª posição da geral, a 16 segundos o duo da liderança Gaudu e Vingeggard, em vésperas de contrarrelógio por equipas (24 km).