Jonas Vingegaard reconheceu finalmente a derrota na Volta a França, após uma 19.ª etapa em que a sua Visma-Lease a Bike nada fez para destronar Tadej Pogacar, descontente com as táticas de outros ciclistas na subida a La Plagne.

"Foi o mais forte, merece ganhar. Há um momento em que há que aceitar e eu aceito essa realidade", declarou o campeão de 2022 e 2023.

Um dia depois de ter assegurado que o Tour ainda não tinha acabado, Jonas Vingegaard nada fez para testar o camisola amarela na última jornada de alta montanha, preparando-se para ser vice-campeão atrás do esloveno da UAE Emirates pela terceira vez na sua carreira, depois de 2021 e 2024.

"Para ser honesto, hoje procurava a vitória na etapa. Infelizmente, o Thymen Arensman fez um bom trabalho e mereceu ganhar", disse.

Segundo na etapa, a apenas dois segundos do neerlandês da INEOS, Vingegaard 'pagou' a sua falta de coragem, preferindo não atacar Pogacar, de quem dista 04.24 minutos na geral, nos metros finais, apesar de já não ter nada a perder. "No final, não tentei recuperar tempo ao Tadej", concedeu.

Mais claro foi o diretor da diretor da Visma-Lease a Bike Grischa Niermann, que explicou que a estratégia da equipa passou por obrigar o campeão mundial de fundo a trabalhar na ascensão final.

"Queríamos ganhar a etapa e essa era a maneira de o fazer, mas ele também queria vencer. Ambos [Pogacar e Vingegaard] calcularam mal. Se a etapa tivesse sido mais longa, teríamos tentado algo diferente", reconheceu.

Após a supressão da subida ao Col des Saisies, devido a um surto de dermatite nodular contagiosa em gado bovino naquele local, a 19.ª etapa ficou com 'meros' 93,1 quilómetros, ao contrário dos originais 129,9 entre Albertville e o alto da La Plagne, onde se chegava após 19,1 quilómetros a subir.

"Fizemos um ótimo trabalho até à última subida, depois algumas equipas e alguns ciclistas pensaram que podiam sprintar os 19 quilómetros até ao alto. Por isso, o ritmo foi incrivelmente elevado", criticou 'Pogi', assumindo ter chegado à meta cansado depois de ter tido de "puxar durante toda a subida".

O camisola amarela foi terceiro na etapa, também a dois segundos do vencedor, e assumiu que pensava que também Vingegaard queria ganhar no alto.

"Mas ele 'agarrou-se' à minha roda", pontuou, antes de elogiar o vencedor: "O Arensman fez um bom ataque, decidi não segui-lo. Impus o meu ritmo, um ritmo defensivo, no qual me sinto confortável".

O já três vezes campeão da Volta a França mostrou-se feliz por a alta montanha ter acabado, mas recusou celebrar a vitória final. "Nunca sabemos. É a Volta a França. Mais dois dias para estar concentrado", completou.

Quem também está desejoso por chegar a Paris é Florian Lipowitz, o alemão da Red Bull-BORA-hansgrohe que hoje reforçou o seu terceiro lugar na geral, na qual está a 11.09 minutos de Pogacar e tem mais de um minuto de vantagem para o britânico Oscar Onley (Picnic PostNL).

"Sabia desde ontem [na quinta-feira] que o Onley estava muito forte e o meu objetivo era manter-me na sua roda. Na última subida, não sabia o que fazer, porque nunca sabes como as pernas vão responder numa etapa assim. Mas sentia-me bem e, quando vi o Oscar descolar, dei tudo", descreveu o líder da juventude.

Ainda assim o estreante alemão, que já tinha sido terceiro atrás de Pogacar e Vingegaard no Critério do Dauphiné, não dá a presença no pódio como segura.

"Amanhã [no sábado], será um dia difícil, com muitas subidas e descidas. Muita gente quererá estar na fuga, pelo que teremos de estar concentrados até ao final", antecipou.

No sábado, o Tour abandona a alta montanha e percorre 184,2 quilómetros acidentados entre Nantua e Pontarlier.