Ricardo Vasconcelos, selecionador português, reconheceu que Portugal podia ter feito um pouco mais na estreia no Europeu de basquetebol feminino, mas sem condições de poder derrotar a atual campeã, a Bélgica.  "Primeiramente, temos de congratular a Bélgica, porque elas jogaram um bom jogo. Elas são um ótima equipa e fizeram a vida muito difícil para nós. De qualquer forma, acho que podemos fazer melhor do que fizemos. É verdade que nós somos estreantes neste tipo de competição, e foi difícil lidar com todas as questões e o stress. De qualquer forma, acho que em alguns momentos do jogo, nós jogamos bem, mas todos os erros que fizemos foram difíceis. O jogo não foi tão bom quanto eu pensei que iríamos fazer, mas foi bom o suficiente para fazer melhor amanhã [sexta-feira].

A partir do momento em que deixamos de jogar ao ritmo delas, elas ocupam o controlo do jogo o tempo todo. Além dos pontos fáceis que estamos aqui a falar, porque elas fazem 20 pontos em contra-ataque, em quase 60% de dois pontos, é demasiado. Isto tudo são situações entre chegaram ao nosso cesto fácil ou rápido. E isso para nós é realmente um problema. Além disso, iniciar bem dá-lhes em confiança. E já confortáveis, obviamente, elas são muito melhores que nós. Então, nós tínhamos que chegar a um nível de desconforto, obrigá-las a jogar fora do tempo e fora daquilo que seriam as ideias iniciais que elas tinham. Acho que sim, temos que entrar melhor, temos que ser capazes de fazer melhor, sabemos que somos capazes de fazer melhor, e temos que retificar algumas destas coisas, porque amanhã, apesar de ter um rival diferente, tem armas diferentes, ainda assim, temos que, obrigatoriamente, ser mais equipa, mais dura, mais coesa defensivamente do que fomos hoje.

O técnico apontou depois o positivo do jogo: "Na primeira parte, tirando os últimos cinco minutos, fizemos uma grande primeira parte. Se eu tiro os últimos cinco minutos do jogo, a primeira parte é bastante positiva. Acabámos por ir a perder por 15, porque os últimos 5 minutos são, realmente, terríveis. Se tivéssemos jogado sempre como jogámos nos primeiros 15 minutos, teria sido um jogo diferente. E isso é bom. Durante muito tempo, fomos uma equipa que as pôs em dificuldades. E obrigámos o treinador rival a pedir desconto de tempo, e eles estavam enervados na primeira parte. Na segunda, isso não aconteceu, porque entrámos logo muito mal no terceiro. E, ao contrário do primeiro, entrámos mal, mas reagimos rapidamente. No terceiro, não o conseguimos fazer. E isso foi o ponto final no jogo. Penso que nós perdemos uma percentagem dos pontos melhor. Porque, acabámos por ficar abaixo do que queríamos. E, como também não fizemos os lances livres, foram pontos que também precisávamos deles, e não os tivemos.

"Se a cabeça recuperar, recupera tudo. Se a cabeça pode, o corpo aguenta. Isso é o que todos nós já sabemos, da experiência de vida. Todos já sabemos que, quando a cabeça está fresca, o corpo nem sabe como é que está. Portanto, começamos por aí. Recuperá-las psicologicamente para aquilo que nos trouxe aqui. Todos nós sabemos perfeitamente que este não era o nosso jogo. Nós temos um objetivo, ganhar um jogo. E depois temos um sonho, passar de fase. Enquanto não cumprimos o primeiro objetivo, não podemos sonhar o segundo. Então, o que temos que fazer amanhã é vir com essa energia extra de quem sabe que tem que ganhar aquele jogo para poder sonhar. E não espero outra coisa, só estar motivado. Porque, se nós que estamos aqui não estamos motivados, quem vai estar?".

Várias jogadoras também falaram sobre a estreia de Portugal no Europeu.

Márcia da Costa -    "Mais do que a Bélgica fomos nós. Claramente não conseguimos fazer aquilo que nós tínhamos planeado defensivamente e obviamente que a Bélgica é uma equipa que tem qualidade e elas aproveitaram essas oportunidades. Demos demasiado cestos fáceis. Aliás, na primeira parte eram muitos pontos de lance livre com erros nossos e é normal que elas aproveitem, mas acima de tudo, sinceramente, eu acho que a responsabilidade foi nossa de dar esta vantagem à Bélgica.

Não é sobre nervos, é sobre nós termos noção de quais são os nossos jogos. Nós sabemos perfeitamente que a Bélgica era a favorita deste grupo. Também sabemos que podíamos ter feito melhor, mas acima de tudo existem mais dois jogos para serem jogados e esses jogos são importantes para nós. E nós já sabíamos que esta era uma das opções. Perdermos este primeiro jogo e termos de ganhar os outros dois ou fazermos melhor no primeiro jogo e ficarmos um bocadinho mais à vontade. Mas a verdade é que quanto mais rápido nós conseguirmos as nossas duas vitórias que precisamos, mais fácil será para nós.

[Marcar os primeiros pontos] Na verdade, todos os pontos, todas as conquistas, todos os roubos de bola deixam-nos orgulhosos, porque isso mete-nos mais perto do nosso objetivo. E as boas sensações também ajudam. Pode não ajudar hoje, mas ajuda para amanhã nós termos a certeza das coisas que fizemos bem e das coisas que fizemos menos bem e podermos corrigir. Mas, sim, é agradável saber disso. Não sabia. Não me lembrei.

Eu acho que é uma coisa que a nossa equipa é bastante boa. Nós não temos uma superestrela na nossa equipa. Desta vez fui eu, mas, claramente, a Carolina Rodrigues apareceu numa fase importantíssima para nós não fugirmos no marcador. E isso deixa-me bastante satisfeita. E acho que é isso que as outras equipas temem. Porque em Portugal não existe um nome sonante. Existe uma equipa em que qualquer dia pode aparecer qualquer uma de nós. E já provámos várias vezes isso".

Carolina Rodrigues - "Trabalhámos para fazer um jogo melhor do que aquilo que fizemos hoje, mas o basquetebol é assim. Aprendemos com os nossos erros todos os dias. É um jogo de erros. Estamos sempre a falar sobre isso. É um jogo de erros, é um jogo de milímetros, é um jogo de segundos. E nós aprendemos com isso todos os dias. E queremos utilizar esta derrota, esta dor desta derrota, para amanhã voltarmos melhores.

Na minha opinião, aquilo que salta à vista é a experiência da equipa da Bélgica. Uma equipa que é campeã em título e que está a lutar pelo título. E a experiência das suas jogadoras, que já andam nestas andanças há muito tempo. Já fizeram muitos Eurobasket. E acho que isso saltou à vista. De qualquer das formas, é como eu digo. Aprendemos com os nossos erros. E amanhã há um jogo que é mais importante que o de hoje, no fundo. Que o de hoje já foi.

[Melhor marcadora de Portugal] Isto é um desporto coletivo. Óbvio que fico contente que consegui ajudar a equipa nesse aspeto, mas o que eu queria hoje era sair daqui com uma vitória.

A Emma [Meesseman] é uma jogadora muitíssimo experiente. Sabe perfeitamente como explorar estas trocas, como explorar as suas vantagens. E quando realmente andámos em trocas, que muitas das vezes era necessário dentro daquilo que era o nosso plano de jogo, ela soube aproveitar muito bem. E nós não conseguimos contrariar a estratégia ofensiva delas. E acabámos por pecar nesse aspeto e levá-las muitas vezes a lances livres. Temos de melhorar. Continuar a seguir o nosso plano de jogo. E amanhã [sexta-feira] temos outras adversárias. Outras jogadoras experientes também. Na minha opinião, a Emma Messmann é uma das melhores jogadoras do mundo neste momento. Portanto, tenho que admitir que é também uma honra poder jogar contra esta jogadora".

Laura Ferreira -  "Estava à espera de um jogo um bocadinho diferente. Cometemos muitos erros e elas são uma das favoritas por algum motivo. Tivemos algumas dificuldades, mas é ótimo estar aqui a festejar o meu aniversário. E é uma experiência única.

Eu tentei esquecer agora o que era o meu aniversário e focar no jogo, como é óbvio. Estávamos um bocadinho nervosas, senti a equipa um bocadinho nervosa como é normal, mas demos o nosso melhor e amanhã [sexta-feira] é corrigir os erros que fizemos hoje para dar luta à equipa da casa, que vai ser difícil, mas não é nada impossível. Estamos mais preparadas para dar o nosso melhor.

Temos que corrigir os erros que cometemos hoje. Nós já tínhamos o plano bem definido e muitas vezes não conseguimos fazer o que estava no plano. E pronto, é corrigir, melhorar. Temos só um treino de manhã, mas é melhorar e não é nada impossível".

Sofia da Silva -  "Parabéns à Bélgica, nós sabemos que eles são uma boa equipa. Nós começamos o jogo muito macias. Neste nível, nós não podemos fazer os erros que fizemos. E quando você faz isso, o preço é muito alto. Espero que aprendamos, e nós podemos melhorar algumas coisas. Porque nós tivemos muitos pontos fáceis, mas eu sei que nós vamos fazer melhor. Às vezes, nós temos jogos maus nesse tipo de situação. Este foi o nosso jogo mau, e eu tenho certeza que os próximos vão ser muito melhores.

Nós sabemos que a equipa, não só a Meesseman e a Liskens, é bastante agressiva e poderosa. Os nossos treinadores já nos tinham falado sobre isto, não era novidade nenhuma. Nós já tínhamos jogado contra a Bélgica, sabíamos que a intensidade ia ser essa. E não podíamos entrar desta maneira tão delicada, respeitar tanto o rival. Acho que já passámos por tantas coisas assim para voltar a cometer os mesmos erros. Então eu espero amanhã olharmos os olhos nos olhos e que sejam elas a respeitar-nos. E nós fazemos o nosso trabalho, porque estamos aqui com o mérito próprio. E as coisas têm que ser como nós as treinamos, não como o adversário queira.

[Frente à República Checa] Como eu disse antes, reduzir os pontos fáceis. Falámos disto, toda a preparação, Ricardo falou disto 10 mil vezes. Os pontos fáceis, pressionar a bola para não levar contra-ataques, segundo as situações de ressalto que também nos penalizam. Tudo isso que nós não fizemos hoje, temos menos de 24 horas para descansar e amanhã vir e fazer melhor. Porque cometer o mesmo erro duas vezes já seria culpa nossa, em nome do adversário".