
Um dia depois de o Benfica ter emitido um comunicado a disparar em todas as direções, e na véspera de os clubes da Liga e da Liga 2 se reunirem em cimeira, a comunicação não parece estar a fluir muito bem.
É essa a conclusão que se pode tirar a partir do que foi dito na Conferência Bola Branca, promovida pela Rádio Renascença, por Nuno Catarino, CFO das águias, e aquilo que Reinaldo Teixeira, presidente da Liga, entendeu.
Vamos por partes.
No painel de que foi protagonista, Nuno Catarino deu algumas explicações sobre o comunicado emitido na véspera pelo clube, nomeadamente sobre a questão da centralização dos direitos televisivos. A principal mensagem passada pelo dirigente foi: «o Benfica entende que é preciso dar um passo atrás».
«Queremos trabalhar para a valorização do futebol português como um todo. Obviamente, queremos valorizar o Benfica, é o objetivo principal, mas isso implica também valorizar o futebol português. Mas sem darmos um passo atrás, que é o que temos de fazer, através de uma reflexão sobre vários elementos essenciais, dar um passo em frente poderá significar dar um passo para um precipício. Por isso, temos de dar um passo atrás, refletir, e depois até poderemos dar dois passos em frente.»
Questionado se a tomada de posição do Benfica colocava em causa a negociação que está nas prioridades da nova direção da Liga, Reinaldo Teixeira, que estava na audiência, preferiu valorizar a referência aos «dois passos em frente».
«Acabei de ouvir o representante do Benfica, Nuno Catarino, e o que ele disse parece-me compreensível: o Benfica quer refletir e dar um passo em frente, até mais, ele disse dois passos em frente para conseguirmos fazer um caminho em conjunto. Temos amanhã uma Cimeira e vamos ouvir todos os clubes e dar as nossas sugestões. Vamos reunir com todos, o Benfica colaborou muito em todas as reuniões. Teve esta posição, mas aquilo que ouvi dizer foi que quer dar dois passos em frente», começou por dizer.
Confrontado com a restante declaração que apontava para a necessidade de dar primeiro um passo atrás, o dirigente da Liga desvalorizou.
«O passo atrás do Benfica foi o comunicado sobre a centralização, depois ouvi-o dizer que querem dar dois passos em frente», atirou, apontando depois para a posição do Governo sobre o tema.
«Há um decreto-lei e compete-nos cumprir o que ele diz, com diálogo, entendimento e tentar encontrar pontes nas discordâncias, com bom-senso. O Governo quis assim e a nossa função é fazer com que ele seja cumprido», resumiu.