
«Geovany Quenda you’re my hero!»
Quando se recordar este jogo de Portugal frente à Geórgia, da 3.ª jornada da fase de grupos do Europeu de sub-21, vai falar-se do apuramento da equipa de Rui Jorge para os quartos de final da competição. Vai dizer-se que foi conseguido no 1.º lugar do grupo, à frente da França.
É provável que muitos se lembrem que Portugal ficou em superioridade numérica logo no quinto minuto de jogo, devido a uma entrada duríssima de Odisharia sobre Nazinho. E outros vão referir que o primeiro golo, apontado por Rodrigo Pinheiro aos 24’, foi um enorme frango dado por Kharatishvili. Ah, são capazes de se lembrar que esse mesmo golo foi o 500.º da história da Seleção de sub-21, que ao fim de três jogos neste Europeu, continua sem sofrer.
Mas no meio de tantos brindes e datas para assinalar, é importante que alguém se lembre daquele miúdo adolescente que já tinha visto o filme todo ainda antes de o apito inicial ser dado.
«Geovany Quenda you’re my hero!».
Não sabemos se o cartaz que empunhava lhe valeu a tão desejada camisola com o número 17 e QUENDA estampado nas costas, mas além de herói do miúdo, o extremo mostrou que, ele sim, é uma rica prenda para o futebol português.
É incrível a forma como, pouco mais de um mês e meio depois de ter chegado aos 18 anos, Geovany Quenda mostra que está muitíssimo acima deste nível. E este nível, sublinhe-se, tem muita gente na casa dos 23 anos. Mas ele está claramente noutro patamar.
Quenda mostrou-o na forma como picou a bola sobre dois defesas para isolar Rafael Pinheiro no primeiro golo. Deixou-o clarríssimo na classe com que combinou com Gustavo Sá para marcar ele o 2-0, após um belo toque de calcanhar do médio. E esses lances também vão sempre ser mostrados quando se falar deste jogo.
Mas é noutros detalhes que se percebe o jogador que Quenda já é e que convenceu o Chelsea a pagar mais de 50 milhões de euros para o levar para Londres. A maturidade com que lê os momentos do jogo e percebe quando deve acelerar e quando é melhor respirar. A forma como recua para ajudar a defender. Como surge ao meio. Como foge para a direita quando tem de ser. Todo ele é um tratado.
Claro que esta equipa não é apenas Quenda. Aliás, basta ver os jogadores que saltaram do banco e aquilo que deram. Gustavo Sá, por exemplo, acaba o jogo com duas assistências e um penálti ganho. Rodrigo Gomes acertou uma bola no poste antes de apontar o 3-0. E Henrique Araújo também aproveitou para aumentar o seu pecúlio nos sub-21 e ficar mais perto de Hugo Almeida, o melhor marcador de sempre no escalão.
Seja como for, há uma estrela que brilha mais na constelação de trabalho e talento à disposição de Rui Jorge. E nunca se falará desta equipa sem referir a importância de Geovany Quenda.
Percebe-se o porquê de já ser herói de miúdos quase da idade dele.