O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), Ricardo Machado, agradeceu esta terça-feira o voto de louvor da Assembleia da República (AR) pelos resultados "brilhantes" nos Europeus, contudo espera que o reconhecimento seja igualmente financeiro.

"(O financiamento público à canoagem tem estado estagnado) quando nos últimos 10 anos subimos quase 50% o número de atletas federados, além de, entre outras coisas, termos atingido imensos resultados desportivos brilhantes. Há uma evolução consecutiva todos os anos e o que é facto é que isso não se reflete em qualquer aumento do financiamento, agravado ainda pela inflação galopante nos últimos anos", observou o dirigente.

Ricardo Machado falava à margem da entrega do voto de saudação, aprovado por unanimidade pela AR em reconhecimento pelo desempenho alcançado no Campeonato da Europa de Canoagem de Velocidade e Paracanoagem, em cerimónia que contou com o presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco.

"Há muitos anos que vimos lutando para que este reconhecimento público, que esporadicamente vem quando surgem resultados de relevo, se possa traduzir em mais apoios que nos permitam desenvolver a nossa atividade e prosseguir este caminho de sucesso que a modalidade tem trilhado nos últimos anos e que infelizmente não tem sido acompanhado com o devido reconhecimento em termos do financiamento público", criticou.

Em junho, em Racice, na República Checa, nos Europeus de canoagem Portugal trouxe o ouro de Fernando Pimenta em K1 1.000 e 5.000 metros, de Gustavo Gonçalves, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha em K4 500, bem como o de Norberto Mourão na classe adaptada VL200: paralelamente, Messias Baptista foi ainda prata em K1 200.

"Mais do que uma geração espontânea, a canoagem tem mostrado que é capaz de criar consecutivamente valores fortes para competir a nível internacional", reforçou o dirigente, assumindo ser "incompreensível" a ausência de estímulos monetários "tendo em conta aquilo que a federação tem demonstrado, o valor do seu trabalho".

O presidente da FPC recorda que o organismo tem recebido praticamente o mesmo de há uma década quando evoluiu em todos os indicadores e o custo de vida aumentou para a instituição, nomeadamente nas suas principais despesas, designadamente viagens, alojamentos e alimentação.

Na segunda-feira, realizou-se uma cimeira das federações da Confederação do Desporto de Portugal, com a presença da ministra da tutela, Margarida Balseiro Lopes, que assumiu uma "promessa e um compromisso deste governo de poder rever esta fórmula (de financiamento)" que tem sido assente no "histórico".

"Nós queremos conhecer a fórmula! Acho que tem de ser auditável, tem de ser pública. Temos de saber quais são os critérios que estão na base daquilo que é o financiamento. Dizem-nos que tem base quase a 100% no histórico, o que é incompreensível, porque se assim é, não vale a pena trabalhar, não vale a pena ter mérito", criticou, convicto de que a sociedade exige um desporto diferente.