Pela terceira vez em 13 meses, André Villas-Boas chamou a imprensa e apresentou um treinador. Uma vez mais, o presidente do FC Porto deu as boas-vindas ao escolhido para o banco e colocou-se lado a lado com o técnico.

De fatos negros, de pé e com dificuldades em saberem onde colocar as mãos — AVB fez a opção tática de as ter muito tempo atrás das costas, Farioli optou, em boa parte do tempo, por tê-las nos bolsos —, a cena trazia recordações de Vítor Bruno ou Martín Anselmi. Consequências da ditadura dos pontos, frontalmente assumida pelo líder dos dragões: "Os treinadores estão sempre vinculados aos resultados, que ditam mudanças de projeto", aponta Villas-Boas.

Há um "compromisso com a vitória que não se pode adiar mais", avisa o presidente, não dando sinais de afrouxar na impaciência. Para marcar encontro com esse imperativo, foi contratado Francesco Farioli, o treinador italiano que assinou até 2027.

Justificando a escolha pelo ex-Ajax, Villas-Boas descreveu a opção como "ambiciosa", acreditando que vai levar os azuis e brancos "ao sucesso". O italiano é classificado como alguém com um "percurso explosivo no futebol europeu", que já demonstrou ter "o espírito e rigor" que se deseja ter no FC Porto.

A cerimónia não foi muito longa, não chegando aos 25 minutos. Como comparação, a apresentação de Martín Anselmi durou quase 40 minutos, uma redução de tempo que estará, em parte, relacionada com o pouco conforto que Farioli apresenta ao expressar-se em inglês.

Outra mudança face à segunda das três apresentações está relacionada com a presença de outras pessoas. Quando Anselmi aterrou, a conferência de imprensa concluiu-se com uma fotografia de família onde se incluíram Jorge Costa e Andoni Zubizarreta. Desta feita, o palco foi só de presidente e treinador, não havendo sinal do diretor-desportivo espanhol, adensando os rumores sobre uma possível saída.

ESTELA SILVA

Boa parte das declarações centraram-se em promessas sobre aspetos mentais. Villas-Boas garantiu que vais haver "uma equipa à Porto, com jogadores à Porto, que se entregam de alma e coração".

Pegando na deixa do homem que o contratou, Farioli, nas suas frases simples em inglês, também se focou no compromisso. Prometeu "ambição" e "desejo de provar" a "paixão" que possui: "Queremos recuperar a mentalidade que queremos ver nesta equipa e devolver o FC Porto ao seu lugar. Queremos devolver a mentalidade ao clube, representando a região e a cidade", atirou o transalpino.

Nunca abandonando as ideias em torno da "intensidade", do "esforço" ou dos "padrões elevados a cada treino", Farioli mostrou a alegria por chegar a "um clube icónico no futebol português e europeu". O descendente de De Zerbi, quando se tratou de falar mais sobre o seu ideário de jogo, sublinhou a intenção de "ter a bola" e "controlar". Não obstante, prometeu flexibilidade: "Mais do que impor a nossa ideia, é levar as pessoas a acreditarem", confessou o homem que também trabalhou na Turquia e em França.

Farioli mostrou-se "consciente" quanto à "situação atual" dos bicampeões europeus. Além do estudo que fez, o italiano indicou que Villas-Boas não escondeu nada" sobre os "aspetos difíceis" do momento azul e branco.

Além da "mentalidade" e "compromisso", também o mercado entrou com força na apresentação. O treinador não escondeu a intenção de obter reforços, mas promete não "chegar com preconceitos", pretendendo "avaliar" os futebolistas.

Já André-Villas Boas, num dos seus já habituais statements, avisou que pode vir aí "o maior mercado da história do clube". "Irão chegar reforços, iremos trazer os meios necessários para atingir o sucesso", avançou o presidente, que já investiu €15 milhões em Gabri Veiga. Haverá uma "renovação" do elenco, mas não só, com "alterações profundas" a nível mais organizacional.

Além da questão de Zubizarreta, outra mudança pode ser a chegada de Lucho González. O antigo capitão do FC Porto, hexacampeão nacional como jogador, é desejo confirmado por AVB para integrar o grupo de Farioli, porque "a presença Porto sempre se fez sentir nas equipas técnicas", havendo o objetivo de "trazer cultura Porto, mística Porto", elenca o líder azul e branco. Há "uma negociação em curso" para trazer o argentino.