Simplesmente épico! Numa batalha pautada por uma grande emoção, o Internazionale levou a melhor diante do Barcelona (4-3) e carimbou o passaporte para a final da Liga dos Campeões. Foram precisos 120 minutos para apurar um vencedor, num filme cheio de cenas imprevisíveis.

Depois do empate na primeira mão, as duas formações partiam para este confronto em pé de igualdade. Num novo festival de golos, o emblema milanês mostrou todo o seu espírito combativo e acabou por ser feliz. Um jogo que entra diretamente para o Livro Dourada da prova milionária.

Cinismo é sinónimo de esperança

Simone Inzaghi montou a sua equipa no habitual 3-5-2, com Yann Bisseck, Francesco Acerbi e Alessandro Bastoni a ficarem responsáveis por manter a baliza intacta. Já a dupla Lautaro-Thuram tinha a missão de visar o alvo contrário, através de movimentações disruptivas nas costas da defensiva contrária.

No que diz respeito aos visitantes, Hansi Flick também não executou alterações drásticas na estrutura. No 4-2-3-1 implementado, Pedri González e Frenkie de Jong assumiram a batuta no miolo. Lamine Yamal, Dani Olmo e Raphina foram os indicados para acompanhar Ferrán Torres, o tópico ponta de lança móvel.

O jogo começou calmo, pouco intenso, com as equipas a estudarem-se mutuamente. Todavia, rapidamente deu para entender as duas estratégias implementadas: enquanto o emblema catalão procurava assumir as rédeas, através de transições mais trabalhadas, os nerazzurri necessitavam de poucos toques para alcançar o último terço, num cinismo característico.

Foi desta forma que o conjunto italiano deu um ar da sua graça. Aos 21', na sequência de uma recuperação em zona adiantada, Federico Di Marco, com um passe teleguiado, deu a melhor resposta à súbita desmarcação de Dumfries. Posteriormente, o internacional neerlandês serviu Lautaro Martínez, que teve apenas de encostar o esférico para a baliza deserta.

A equipa pintada de verde fluorescente teve, assim, de correr atrás do prejuízo, porém, a mira dos avançados não teve particularmente afinada. Seguindo a toada, quem não marca, sofre, o Inter voltou a mostrar que tinha a lição bem absorvida. O ponta de lança argentino, depois de um contra-ataque letal, foi derrubado na grande área por Pau Cubarsí. Hakan Çalhanoğlu, com nervos de aço, enganou Szcz?sny na marca dos onze metros. Euforia total no mítico Giuseppe Meazza!

Impossível? Palavra não existe no dicionário blaugrana

Contudo, o Barça já mostrou várias vezes esta temporada que não é de atirar a toalha ao chão. Posto isto, o grupo reorganizou-se após o intervalo para uma luta contra o tempo. Esta atitude de perseverança acabou por ser recompensada.

Numa primeira instância, Gerard Martín, através de um cruzamento a régua e esquadro, encontrou Erik García em posição vantajosa. O central, alla matador, protagonizou um momento de brilhantismo, com um volley de belo efeito. Missão 'défice reduzido' concluída com sucesso.

O camisola '35' saiu do balneário com uma bússola no pé esquerdo. A verdade é que aos 60', o atleta de 23 anos voltou a acertar nas coordenadas, desta vez para a cabeça de Dani Olmo, que não perdoou. Missão 'restabelecer a igualdade' concluída com sucesso. Faltava só um objetivo para cumprir na lista preenchida de tarefas.

Chegava a hora de recarregar a arma Yamal, conhecida pela sua capacidade de explosão. As fintas e fintinhas da jovem promessa estavam a gerar um enorme desconforto à oposição. Valia Yann Sommer, que em vários momentos agigantou-se num intenso duelo de vontades. Contudo, o herói (temporário) deste conto seria outro...

Pedri, após um excelente trabalho coletivo no prisma defensivo, descobriu rapidamente Raphinha. O extremo encheu o pé esquerdo e atirou a contar. A muralha suíça ainda defendeu o primeiro golpe, mas nada conseguiu fazer para travar a recarga.

Afinal, ainda há espaço para mais um subtítulo!

Quando esta crónica estava pronta a ser lançada, os deuses do futebol voltaram a descer à terra para provar que esta modalidade é uma caixinha de surpresas. Dumfries - uma das principais figuras da eliminatória - recuperou o esférico em zona alta e serviu Francesco Acerbi. O experiente central liderou por exemplo e, dono de si, finalizou de forma certeira, apesar da marcação cerrada. Hora do prolongamento!

O cansaço dos intervenientes já se fazia sentir, apesar das substituições operadas pelos comandantes. Seria mesmo uma parceria vinda do banco de suplentes a resolver este imbróglio. Mehdi Taremi - ex-FC Porto entrou aos 71' -, de costas para a baliza, serviu Davide Frattesi, que, depois de um bailado, finalizou rasteiro para o lado esquerdo da baliza, deixando Szczesny pregado ao chão. O '16', movido pela emoção, festejou intensamente junto dos adeptos.

Nos minutos finais, Sommer, tal como é seu apanágio, voltou a brilhar, tirando (novamente) o pão da boca a Yamal. Exibição monumental do antigo guardião do Bayern München! Apito final. O alento de uns contrasta com o sofrimento de outros. Liga dos Campeões em todo o seu esplendor!