A imprensa italiana diz que a separação do número 1 do Mundo, Jannik Sinner, do preparador físico Marco Panichi foi provocada depois da revelação de segredos que não devem sair do balneário, sobretudo o de Roland Garros. Já o fisioterapeuta Ulises Badio seria uma vítima colateral da desilusão do tenista italiano.

Segundo o Corriere della Sera, Marco Panichi contou o que se passou no vestiário do Paris, incluindo os 15 minutos de choro de Sinner após a derrota na final frente a Carlos Alcaraz. Além da derrota, o tenista italiano ficou igualmente surpreendido e magoado com a inesperada hostilidade dos franceses que apoiaram o espanhol. A tudo isto, junta-se, naturalmente, o sofrimento desportivo da derrota numa partida que dominou grande parte, e na qual acabou derrotado após 5h29 por 4-6, 6-7 (4-7), 6-4, 7-6 (7-3) e 7-6 (10-2).

Já em Wimbledon, onde está a demonstrar exibições irrepreensíveis, o italiano falou do que aconteceu em Roland Garros. «Como pessoa, sei quão importante o ténis é para mim e para a minha vida. Ensinou-me imensas coisas. Também sei que fora do ténis a vida é diferente e essa vida é mais importante. Por outro lado, faço sacrifícios para estar no court e para ser a minha melhor versão. O mês passado não foi fácil, sim, mas por outro lado, o que vivi foi precioso. Aconteceram muitas coisas e jamais pensei que jogaria uma final de Grand Slam como aquela. É tudo positivo, sinceramente. Agora estou aqui para mostrar que também sou capaz de jogar muito bem em relva. Mostrei no ano passado e sinto que melhorei», avisou.

Vencedor das edições 2024 do Open da Austrália e do Open dos Estados Unidos, Jannik Sinner para já está a de facto a brilhar no All England Club onde vai discutir o acesso aos oitavos de final com o espanhol Pedro Martínez, 52.º ATP, que derrotou o argentino Mariono Novone, 91.º, por 7-5, 7-5 e 7-6 (8-6).

Para trás, acredita o número 1 do ranking ATP, ficou já a suspensão de três meses por um doping após testar positivo para um anabolizante, em março de 2024.

«Acho que as pessoas já se esqueceram o que aconteceu. É o bom e mau da sociedade atual. Algo acontece e já não se lembram do que aconteceu ontem. Por outro lado, tenho boa relação com mais ou menos todos os jogadores com os quais tinha antes. No início foi tudo um pouco diferente, as pessoas viam-me de maneiras diferentes, mas acho que todos viram que sou um jogador limpo, que jamais teve intenção de fazer algo mau. Tento ser sempre a minha melhor versão. Foi um incidente, sim. Passou. O resultado diz que não fiz nada de propósito, está tudo bem», disse o tenista que sempre alegou que foi contaminado por um medicamente usado pelo fisioterapeuta enquanto lhe massajava os pés.

O italiano foi suspenso por três meses após um acordo, muito criticado por diversos tenistas, com a Agência Mundial Antidoping (WADA), anunciado em meados de fevereiro. Este entendimento levou a AMA — que pretendia impor ao tenista um ano de suspensão — a desistir do recurso apresentado no Tribunal Arbitral do Desporto, no qual contestava a decisão da Agência Internacional para a Integridade do Ténis de ilibar o número um mundial.

A redução da pena permitiu-lhe manter o estatuto de líder do ATP e regressar a tempo de não falhar nenhum Grand Slam, já que aconteceu depois do Open da Austrália e antes de Roland Garros.