"Participarei nas eleições [presidenciais] como candidata", afirmou, em declarações à estação pública de televisão britânica BBC, sublinhando que Putin é o seu "adversário político" no país euro-asiático.
"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para derrubar o seu regime o mais rapidamente possível", asseverou Navalnaya.
Na entrevista - concedida no âmbito do lançamento da obra "Patriot: A Memoir", as memórias escritas por Navalny (1976-2024) antes da sua morte na prisão em circunstâncias por esclarecer em fevereiro deste ano -, Yulia Navalnaya reiterou que, assim que Putin abandonar o cargo, existirá a possibilidade de se realizarem eleições livres e justas no país.
Salientou igualmente que cada vez pensa mais no impacto das atividades políticas do marido e também das suas na vida dos filhos de ambos, de 23 e 16 anos, embora tenha sempre manifestado total apoio às posições assumidas por Alexei Navalny.
"Quando se vive esta vida, compreende-se que ele nunca desistirá e é por isso que o amamos", explicou.
"Não podia haver discussão alguma. Tinha de apoiá-lo. Eu sabia que ele queria voltar para a Rússia. Sabia que queria voltar para os seus apoiantes e queria ser um exemplo para todas as pessoas com a sua valentia e coragem, para mostrar que não há necessidade de ter medo deste ditador", argumentou, referindo-se a Putin.
"Nunca deixei que o meu cérebro pensasse que ele poderia ser assassinado. Vivemos esta vida durante décadas, e quando se partilham estas dificuldades, partilham-se as opiniões. Apoiamo-lo", prosseguiu Navalnaya, que denunciou que o marido foi torturado durante o tempo em que esteve na prisão, onde foi mantido em "condições lamentáveis".
A opositora russa criticou também a reação internacional à morte do marido sob custódia do Estado, classificando-a como "uma anedota", antes de apelar aos países ocidentais para que "tenham um pouco menos de medo" de Putin, ao mesmo tempo expressando o desejo de que este acabe na prisão.
"Não quero que ele esteja na prisão algures no estrangeiro, numa boa prisão, com um computador e boa comida. Quero que ele esteja numa prisão russa -- e não é só isso: quero que esteja nas mesmas condições em que Alexei esteve. É algo muito importante para mim", sustentou.
Navalnaya reiterou mais uma vez as suas acusações a Putin pela morte do marido e disse que ele deve responder na justiça "pelo assassínio" do opositor, precisando que a Fundação Anticorrupção, que agora lidera em lugar de Alexei Navalny, tem "provas", que revelará quando tiver "o quadro completo".
Alexei Navalny, de 47 anos, que estava a cumprir uma pena de quase 30 anos de prisão por extremismo e fraude, morreu a 16 de fevereiro de 2024, entre relatos de que se encontrava em mau estado de saúde, que a sua comitiva atribuiu a envenenamento.
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