"Choca-me profundamente que um deputado da nação, que, aliás, respeito e [com quem] tenho uma boa relação, que ponha sequer a hipótese de que haja algum tipo de perseguição ou de tentativa de perseguição de quem fez o seu trabalho de jornalista", afirmou.

Rui Rocha foi questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à feira Ovibeja, em Beja, sobre as declarações de Hugo Carneiro, que sugeriu que as autoridades judiciárias acedessem aos registos telefónicos dos jornalistas para saber quem divulgou a nova lista de clientes da empresa Spinumviva.

Assinalando que a Iniciativa Liberal (IL) defende "sem reservas a liberdade de expressão", o líder do partido admitiu que até se pode, "depois, discutir se quem teve acesso e passou informação cometeu algum tipo de imprudência ou abuso".

"Mas aquilo que está em causa, fundamentalmente, é a informação a que os portugueses têm direito, que é uma informação destinada a ser pública e consultável", sublinhou.

Ao longo deste caso, salientou Rui Rocha, o ainda primeiro-ministro e presidente do PSD tem tido um comportamento que "atrasa sempre a prestação de informação, os esclarecimentos aos portugueses e as questões da transparência".

"A haver alguma condenação política", tem que se lhe dizer para que, "de uma vez por todas, esclareça tudo para nós podermos passar às ideias e às propostas e que, no meio disso, obviamente, em caso algum, é admissível atacar a informação", vincou.

O presidente dos liberais reiterou que está muito cansado com "estas tricas permanentes" entre PS e PSD e lamentou que não se discutam "os pontos importantes para o país e as medidas que cada partido defende".

Nas declarações aos jornalistas, o líder da IL defendeu também que o país tem de "sair das próximas eleições com soluções políticas" estáveis.

"Não é aceitável que continuemos a ter ciclos curtos de governação. Isso é mau para o país. O mundo está muito complexo. Todos os anos a ir a eleições", argumentou.

Questionado sobre se a Iniciativa Liberal está disponível para acordos pós-eleitorais, Rui Rocha disse que o seu partido está sim disponível para "encontrar soluções de governabilidade".

"Mas, para isso, é preciso dar mais força à Iniciativa Liberal", acrescentou.

Também questionado sobre o caso de uma mulher que estava ventilada e que morreu, alegadamente, em consequência do apagão de segunda-feira, Rui Rocha defendeu que fará "tudo o que for possível para que se esclareçam as condições em que a situação aconteceu".

"Não parece que seja prudente, sem termos um esclarecimento completo das circunstâncias, estarmos a fazer juízos políticos", limitou-se a acrescentar.

Esta quarta-feira, o jornal Expresso noticiou que Luís Montenegro submeteu junto da Entidade para a Transparência uma nova declaração, na qual acrescentou sete novas empresas para as quais trabalhou na Spinumviva, empresa fundada pelo próprio e que passou recentemente para os seus filhos.

Na sequência da divulgação de novos dados, o deputado do PSD Hugo Carneiro pediu ao Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no Parlamento que peça à Entidade para a Transparência os registos de quem acedeu aos dados sobre o primeiro-ministro, de forma a descobrir quem partilhou a informação com a imprensa.

SM/RRL // JPS

Lusa/Fim