Chegou a altura do ano em que, durante a noite, somos acompanhados pelo zumbido dos mosquitos. Com isso, as picadas voltam a surgir, causando desconforto para muitos e, por vezes, complicações de saúde.

Nem todos, no entanto, são igualmente “alvo” destes insetos. Investigadores apontam que fatores como o dióxido de carbono que expiramos, a temperatura corporal, a humidade da pele e aspetos visuais influenciam essa vulnerabilidade. Contudo, o principal motivo está no cheiro da pele, que varia de pessoa para pessoa, conforme explicou o jornal El País.

Isabel Fernández de Alba, alergologista do Hospital Universitário HLA Inmaculada, em Granada, esclarece que o odor corporal resulta de compostos químicos como ácidos carboxílicos e aldeídos — compostos orgânicos com um grupo funcional denominado carbonila.

Pessoas que libertam maior quantidade destas substâncias tendem a atrair mais mosquitos. Esta predisposição parece estar também associada a fatores genéticos, como evidenciado por estudos com gémeos idênticos que partilham o mesmo DNA.

As reações às picadas variam entre as pessoas. A mais comum é uma pequena inflamação local, mas há quem apresente respostas mais severas, com áreas vermelhas, inchadas e sensíveis, que podem requerer tratamento com anti-histamínicos, cortisona ou, em casos mais graves, antibióticos.

Reações alérgicas graves, como anafilaxia, são raras e ocorrem principalmente em pessoas já sensibilizadas a picadas de outros insetos, como vespas ou abelhas, cujo veneno é mais perigoso. No caso dos mosquitos, o mais frequente é a hipersensibilidade local.

A expansão do mosquito-tigre, impulsionada pelas alterações climáticas, tem aumentado tanto a frequência de reações mais intensas quanto o risco de transmissão de doenças como dengue e chikungunya no sul da Europa, exigindo maior vigilância e campanhas preventivas.

Para evitar picadas dentro de casa, recomenda-se o uso de mosquiteiros, difusores elétricos e até armadilhas caseiras, como misturar vinagre de maçã com algumas gotas de detergente num recipiente.

No exterior, os repelentes constituem a principal defesa, sejam os químicos tradicionais de farmácia, sejam os naturais. Entre estes últimos, destacam-se o óleo de citronela e o óleo essencial de erva-gateira, que podem repelir até 70% dos mosquitos, embora a sua eficácia seja limitada no tempo, exigindo reaplicações frequentes.

Relativamente a mitos populares, a enfermeira Esther Gómez, da Universidade Autónoma de Madrid, alerta que coçar a picada pode agravar a inflamação e provocar infeções devido a pequenas lesões na pele.

Produtos frequentemente usados para aliviar a comichão, como vinagre, pasta de dentes ou álcool, podem irritar a pele e não têm eficácia comprovada.

Para aliviar o desconforto, aconselha-se lavar a zona afetada com água e sabão para reduzir o risco de infeção, aplicar frio localmente e, em casos de prurido intenso, usar cremes tópicos com cortisona suave ou recorrer a anti-histamínicos orais.

Em crianças ou casos menos severos, cremes calmantes, aloe vera ou mentol podem ajudar a aliviar a irritação da pele.