O papa Francisco criticou esta sexta-feira os dois candidatos presidenciais dos EUA, pelo que apelidou de políticas anti-vida, em relação ao aborto e à migração, e aconselhou os católicos americanos a escolherem o "mal menor" nas próximas eleições nos EUA. "Ambos são contra a vida, seja aquele que expulsa os migrantes, seja aquele que mata bebés", disse Francisco.
O jesuíta argentino foi convidado a dar conselhos aos eleitores católicos americanos, numa conferência de imprensa durante o voo de regresso Roma, depois da sua passagem por quatro nações pela Ásia. Nem o candidato republicano, Donald Trump, nem a candidata democrata, Kamala Harris, foram mencionados pelo nome.
No entanto, Francisco exprimiu-se em termos muito claros quando lhe foi pedido que se pronunciasse sobre as suas posições relativamente a duas questões que são um tema quente nas eleições americanas - o aborto e a migração - e que são também uma grande preocupação para a Igreja Católica. O papa fez da situação dos migrantes uma prioridade do seu pontificado e fala com ênfase e frequência sobre o assunto.
Relativamente ao aborto, embora defenda firmemente os ensinamentos da Igreja que o proíbem, não tem dado tanta ênfase à doutrina da Igreja como os seus antecessores. Francisco disse que a migração é um direito descrito nas Escrituras e que qualquer pessoa que não siga o apelo bíblico para acolher o estrangeiro está a cometer um "pecado grave".
Foi também direto ao falar sobre o aborto: "Fazer um aborto é matar um ser humano. Podem gostar da palavra ou não, mas é matar. Temos de ver isto claramente", disse. Questionado sobre o que os eleitores devem fazer nas urnas, Francisco sublinhou o dever cívico de votar e deixou a sua opinião. "Deve-se votar e escolher o mal menor. Quem é o mal menor, a mulher ou o homem? Não sei. Cada um em sua consciência deve pensar e fazer isso", disse.
Não é a primeira vez que o papa Francisco se pronuncia sobre uma eleição nos EUA. No período que antecedeu as eleições de 2016, foi questionado sobre o plano de Trump de construir um muro na fronteira entre os EUA e o México e, na altura, declarou que qualquer pessoa que construa um muro para impedir a entrada de migrantes "não é cristã".