"Basicamente, parece ser uma espécie de promessa eleitoral na competição pelo voto com a extrema-direita e, acerca da qual, o ministro nos dá pouquíssimas informações de como é que é que se vai cumprir", afirmou Rui Tavares, à margem de uma visita ao Mercado da Afurada em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

O porta-voz do Livre, que lançou na sexta-feira à noite, no Porto, a campanha para as legislativas, reagia às declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que hoje confirmou que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros na próxima semana para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias.

De acordo com o governante, trata-se do primeiro grupo de imigrantes notificado de um total de 18.000 indeferimentos.

"É uma declaração feita em nome do Governo para uma coisa que não vão fazer na vigência do mandato deste Governo que, aliás, está em gestão", atirou Rui Tavares.

O porta-voz do Livre considerou se está perante "um Governo que está, neste momento, a utilizar a comunicação do Estado e os meios do Estado ao sabor das conveniências partidárias do próprio PSD".

"É preciso que as pessoas ao verem comunicar o PSD e o Governo, confundidos um com o outro, percebam que as coisas têm só este valor de campanha eleitoral", insistiu.

Rui Tavares referiu que o PSD tem estado a utilizar, desde o início, o tema da imigração, imigração essa que faz parte da economia e da sociedade portuguesa.

"Mesmo que levássemos a sério os números do Governo, os cerca de 4.500 imigrantes a deportar numa primeira fase, também teríamos que levar a sério os 1,6 milhões de imigrantes que estão em território nacional a contribuir legalmente, respeitosamente e ordeiramente para a nossa sociedade", vincou.

Na sua opinião, tudo o que é utilizar as questões da imigração como maneira de acicatar a desconfiança, o preconceito e o ódio é negativo e o Governo da Aliança Democrática (AD) não tem sido equilibrado na maneira de lidar com este tema.

Ressalvando que "toda a gente quer uma imigração regular, ordeira e controlada", Rui Tavares salientou que "anda aí pelo mundo uma moda de usar a imigração para dividir as pessoas" em vez de perceber que para uma sociedade que tenha futuro é preciso lidar com a realidade da imigração.

"Tudo o que tem a ver com a imigração é um tópico que é de enorme relevância, do qual não devemos fugir, o qual devemos tratar com honestidade porque trata de algo que é muito importante às pessoas, nomeadamente com mercado de trabalho, salários e coesão social", concluiu.

SVF (JML) // SF

Lusa/Fim