Esta terça-feira, voltaram a cair panfletos do céu da Cidade de Gaza com uma nova ordem de evacuação para todos os bairros daquele território palestiniano, onde residiam até agora centenas de milhares de pessoas. As forças israelitas apelaram aos civis que se deslocassem para sul, utilizando “corredores de segurança” para chegar a abrigos situados em Deir el-Balah e Az Zawayda, segundo o texto reproduzido pela AFP.

“A cidade de Gaza continua a ser uma zona de combate perigosa", advertiu o porta-voz do exército israelita para os media árabes, Avichay Adraee, numa publicação na rede social X.

Israel justificou a necessidade de saída dos habitantes da maior cidade de Gaza com a perseguição que diz estar a levar a cabo contra elementos do Hamas, que estarão a reagrupar em zonas deste território que tinham sido atingidas no início da guerra, de acordo com a Lusa.

As tropas israelitas tinham emitido a primeira ordem de evacuação formal de parte deste território a 27 de junho, altura em que começaram a reforçar as operações terrestres na cidade, designadamente no bairro oriental de Shujayea, contextualiza a Al Jazeera. Outras duas foram emitidas nos dias seguintes.

No início da semana, os tanques israelitas começaram a avançar também nas zonas ocidental e central da Cidade de Gaza, tendo-se multiplicado os ataques a estruturas como campos de refugiados, escolas convertidas em abrigos e as instalações da UNRWA (agência da ONU para os refugiados palestinianos).

Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, uma das localizações descritas como seguras pelas forças israelitas nos panfletos, já tinha sido apontada como uma alternativa para os residentes da Cidade de Gaza numa ordem de evacuação emitida na segunda-feira. Mas acabou por ser bombardeada várias vezes nessa noite, segundo a Lusa.

O Ministério do Interior de Gaza exortou os residentes da cidade de Gaza a não obedecerem às ordens de evacuação israelitas, argumentando que os chamados “corredores seguros” são, na verdade, “corredores da morte”, escreveu a Al Jazeera. Em alternativa, aconselhou os civis a fugir para zonas próximas em vez de se dirigirem para sul.

Também esta terça-feira foi revelado que o primeiro-ministro israelita alterou os seus planos de viagem para os EUA, onde estará para discursar diante do Congresso a 24 de julho. De acordo com a Autoridade de Radiodifusão de Israel, Benjamin Netanyahu pretendia fazer uma paragem num país europeu amigo de Telavive, como a Hungria ou a Chéquia, já que o seu avião não poderia fazer um voo transatlântico com tantos passageiros.

Contudo, o chefe do Governo israelita terá optado por viajar com uma comitiva mais pequena em vez de fazer a escala referida devido à possibilidade de emissão do mandado de captura pedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Caso fosse aprovado, os 124 países que integram aquele tribunal estariam obrigados a cumpri-lo e a prender Netanyahu, se este entrasse no seu território.

Outras notícias que marcaram o dia:

Israel “eliminou ou feriu 60%” dos combatentes do Hamas, disse esta quarta-feira o ministro israelita da Defesa num discurso perante o Knesset, o Parlamento israelita. “Houve muitos êxitos”, declarou Yoav Gallant, acrescentando que “todo o aparelho de segurança está determinado a cumprir os objetivos da guerra”, como erradicar o Hamas e libertar os reféns, 42 dos quais já morreram, lembra a Lusa.

⇒ Benjamin Netanyahu disse, esta quarta-feira, continuar empenhado num acordo de cessar-fogo em Gaza, que permita a libertação de reféns e tréguas entre as partes, “desde que as linhas vermelhas de Israel sejam respeitadas”, informou o jornal ‘Times of Israel’, citando o gabinete do primeiro-ministro. As declarações terão sido feitas durante um encontro do chefe do Governo israelita com o enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Brett McGurk.

⇒ Uma delegação israelita, encabeçada pelo chefe dos serviços secretos David Barnea, partiu esta quarta-feira para Doha, no Qatar, para quatro dias de negociações relacionados com um acordo para o cessar-fogo em Gaza, noticiou o jornal israelita ‘Haaretz’.