O primeiro-ministro israelita instou este sábado o Qatar, um dos países envolvidos nas negociações indiretas com o grupo Hamas, a "parar o jogo duplo" em relação aos reféns detidos pelos extremistas palestinianos em Gaza.

"Chegou o momento de o Qatar parar o jogo duplo com a sua conversa fiada", declarou Benjamin Netanyahu, numa declaração publicada na sua conta oficial na rede social X e citada pela agência espanhola Europa Press.

Netanyahu concluiu reiterando que "Israel vencerá esta guerra justa com meios justos".

Fontes israelitas afirmaram recentemente que o Qatar está a pressionar o Hamas para que não aceite a proposta apresentada pelo Egito (outro dos mediadores das negociações), alegando que poderia obter melhores condições.

No entanto, o Qatar negou estas informações. A Faixa de Gaza é alvo de uma ofensiva israelita desde o ataque do grupo extremista palestiniano Hamas contra Israel de 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 58 continuam retidas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército israelita. O Hamas também retém o corpo de um soldado israelita morto numa guerra anterior em Gaza, em 2014.

A retaliação israelita provocou mais de 52.400 mortos e a destruição de grande parte das infraestruturas do território governado desde 2007 pelo Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. Em 18 de março, as autoridades israelitas romperam um cessar-fogo acordado em janeiro com o Hamas.

Desde então, os bombardeamentos causaram pelo menos 2.326 mortos e 6.050 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Antes de romper unilateralmente a trégua, Israel já tinha imposto, a 2 de março, um bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que permanece em vigor.

Na sexta-feira, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês) acusou Israel de "punição coletiva" e de "cerco contra o povo de Gaza", após dois meses de bloqueio.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, escreveu que o cerco é "contra as crianças, as mulheres, os idosos e os homens civis".

"São coletivamente punidos por terem nascido e viverem em Gaza, algo que não depende deles", lamentou o representante nas redes sociais.

O chefe da UNRWA disse que Israel tem de levantar o cerco e permitir a entrada de fornecimentos básicos.Advertiu que "a cada dia que passa, o cerco mata silenciosamente mais crianças e mulheres, para além das que são mortas pelos bombardeamentos israelitas" no enclave.

Numa outra mensagem sobre os dois meses de bloqueio israelita, a agência da ONU disse que as provisões alimentares estão a escassear e que a ajuda continua bloqueada fora de Gaza, pronta a ser transportada.