
O diretor do serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria apresentou a demissão na sequência da polémica com as cirurgias adicionais através do SIGIC. A notícia é avançada pela CNN e foi confirmada pela SIC.
Paulo Filipe colocou o lugar à disposição depois de ter sido confrontado com os resultados preliminares do relatório interno. O presidente do hospital aceitou a demissão e deverá nomear o substituto na reunião do Conselho de Administração marcada para esta manhã.
Recorde-se que o SIGIC permite a realização de cirurgias para lá das escalas de serviço através de incentivos financeiros para as equipas hospitalares. Mas, supostamente, existem limites a esta atividade, que não pode exceder um terço da produção cirúrgica total.
O primeiro caso a tornar-se público foi o do dermatologista do Santa Maria Miguel Alpalhão que, em 10 sábados, recebeu 400 mil euros. O caso já está a ser investigado pelo Ministério Público, mas não será único.
Dados enviados à Lusa pelo hospital indicam que, em 2022, foram pagos 9.402.120 euros pelas 7.495 cirurgias feitas em horário adicional e, em 2023, a ULS pagou 14.232.377 euros (+51,3%) por 9.971 daquelas cirurgias. Em 2024 o número de cirurgias em horário adicional subiu para 12.322, pelas quais a ULS pagou 14.510.334 euros.
A informação do hospital indica que o valor médio pago por cirurgia em horário adicional desceu de 1.427 euros 2023 para 1.177 euros em 2024, um ano em que o hospital bateu recordes de cirurgias, com um total de 37.647 realizadas, cerca de um terço das quais em horário adicional (12.322).