Nasceu em 1989, em Guimarães. O pai, juiz e tenista amador, levava-o em criança para os torneios de ténis que fazia com amigos ao fim de semana. “Ele dizia sempre que se ficasse quietinho e me portasse bem, no final do jogo jogava um bocadinho comigo. E eu ficava ali, uma hora, à espera”, recorda João Sousa.
Competitivo desde pequeno - “até a jogar às cartas” - começou no futebol, mas foi no ténis que encontrou uma paixão. “No ténis não tinha de partilhar as vitórias, nem as derrotas. Tudo dependia da minha performance”.
O verão era passado em família, no Algarve, na casa do padrinho. E nem de férias dava descanso à bola e à raquete. Todos os dias ia para o campo “ventoso” de Manta Rota jogar com o pai.
Aos 12 anos já era campeão nacional. Sabia que em Portugal não ia crescer na modalidade. “Só havia investimento no futebol” e foi preciso “tomar decisões”.
Deixou Guimarães aos 15 anos e mudou-se para Espanha. Queria ser tenista profissional. O sonho custava quase 4 mil euros aos pais. “Estar lá sozinho deu-me uma grande bagagem para lidar com as dificuldades e ter uma maturidade mental fora do normal”, acredita.
Era uma “criança inocente” quando aterrou em Barcelona, sem noção se ia ganhar no ténis. O caminho até ao top 30 foi duro e dispendioso. Em 2012 percebeu que podia “viver” da modalidade e apostou tudo na carreira.
João Sousa é o melhor jogador de sempre do ténis português. Conhecido como o “Conquistador”, foi pioneiro em quase tudo.
Muito emocional - “para o bem e para o mal” - participou em grandes torneios e jogou nos maiores palcos do ténis mundial. Conquistou quatro títulos ATP e esteve em 12 finais. Jogou contra Nadal, Federer e Djokovic.
“Sempre que me chateava era quando estava mais focado e as pessoas nunca perceberam isso”, explica.
João Sousa, que anunciou o fim da carreira aos 35 anos, é o último convidado da primeira temporada do Geração 80.
Nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão, fala sobre aquela que foi a decisão mais “pesada” que tomou na vida, mas também a mais “pensada e ponderada”.
“Eu sou o que o ténis me deixou ser. Deu-me tudo o que eu tenho na vida. E o maior feito da minha carreira foi ganhar em casa, no Estoril Open”, confessa.
“Não é um adeus, é um até já” porque o ténis continuará a fazer parte da sua vida. Admite que a modalidade hoje já é vista com outros olhos em Portugal, mas deixa críticas à (ainda) “falta de investimento” na modalidade, que afugenta os talentos portugueses - tal como aconteceu consigo há 20 anos. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.