A formalização da academia, que conta, para já, com 26 membros, decorreu ao fim da tarde de hoje, na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia, na presença do presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, ele próprio poeta e romancista, e de vários membros do Governo, corpo diplomático e de organizações internacionais.

"Queremos criar uma dinâmica em que todos os meses a academia se debruce sobre problemas relacionados com as letras cabo-verdianas e também em homenagem a figuras nacionais com relevância cultural no país", disse Corsino Fortes, antigo embaixador de Cabo Verde em Portugal e com uma vasta obra poética e de romance.

Entre os membros figuram David Hopffer Almada, Manuel Veiga, Vera Duarte Jorge Alfama, Jorge Tolentino (atual ministro da Defesa), Filinto Correia e Silva, Káká Barbosa, Ludgero Andrade, Daniel Medina, Daniel Spínola, Mário Lúcio Sousa (atual ministro da Cultura), Ondina Ferreira, Fátima Bettencourt, Dina Salústio e Arnaldo França.

Segundo Corsino Fortes, "haverá tertúlias, pesquisa de obras de relevância dos 'imortais' [autores cabo-verdianos] que precisam de ser conhecidas pelo povo em geral".

Como critérios para integrar a academia de letras, Corsino Fortes explicou que só "entra" um escritor cuja obra literária tenha ganho relevância ou sendo premiado ou com mérito reconhecido, estando alguns em Cabo Verde, a maioria, e outros em Portugal e nos Estados Unidos.

Considerando que a relação com a Associação Cabo-Verdiana de Escritores (ACE) será "a raiz, o tronco e a antecâmara da academia", Corsino Fortes desdramatizou um eventual "choque" com a Academia de Ciências e Humanidades (ACH), considerando que os projetos "andam em paralelo", embora haja "fronteiras".

"O problema é que as letras cabo-verdianas têm um peso na identidade da cabo-verdianidade que não pode diluir-se nas humanidades, que é uma disciplina muito vasta. A ACL incide simplesmente na criação literária: o conto, crónica, novela, romance, teatro e poesia. São apenas aqueles que criam literatura, não os que apenas se debruçam sobre a literatura, ou filosofia ou história. Isso faz parte da ACH", referiu.

Ao discursar na sessão, o chefe de Estado cabo-verdiano saudou a iniciativa e lembrou mais de duas dezenas de escritores e poetas, "os imortais" que fizeram a história do país.

"É esse um dos propósitos que norteia os escritores que, de forma abnegada e corajosa, decidiram erigir este monumento, a Academia de Letras, aos nossos 'imortais' e premiar a boa literatura. A ACL constitui uma autêntica catedral das nossas letras", um cântico à criatividade, um grande louvor à universalidade da alma cabo-verdiana e um autêntico hino à nossa Nação", declarou Jorge Carlos Fonseca.

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