De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, as baixas taxas de juro surgem porque os clientes locais não têm grandes alternativas de investimento no mercado interno e precisam de escoar a liquidez.

"Não é porque querem lá colocar o dinheiro", confirmou o gestor de portefólios Rotimi Ashimi, da nigeriana Rusumo Fund Managers, à Bloomberg, explicando que os fundos de pensões, por exemplo, têm regras de funcionamento que obrigam a que a grande maioria das suas verbas seja aplicada em fundos ligados ao Governo, nomeadamente em Títulos do Tesouro, que agora têm a menor taxa de retorno desde que a Bloomberg começou a compilar os dados, em 2008.

Com uma inflação anual de cerca de 14,2%, estes investimentos já estão, na prática, com taxas negativas, o que significa que os investidores perdem dinheiro tendo em conta a subida dos preços.

A Zâmbia e o Gana, por exemplo, fizeram emissões de títulos do tesouro com taxas de 7%, enquanto o Quénia pagou mais de 3% e a África do Sul ficou nos 0,75%, nota a Bloomberg.

As baixas taxas de juro nos mercados internos contrastam com o elevado custo de emitir dívida internacional, que rondava, no ano passado, os 10%, como aconteceu na emissão de mil milhões de dólares (828 milhões de euros) feita por Angola no final de 2019.

Ainda assim, a Costa do Marfim foi o primeiro país africano a regressar aos mercados em contexto de pandemia, tendo colocado mil milhões de euros a 12 anos com uma taxa de juro de 5%, significativamente baixa pelos padrões históricos das emissões dos países da África subsaariana.

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