"Eles destroem as nossas casas e deixam-nos presos aqui", lamentou à AFP Sliman Abu Asa, morador de Wadi al Jalil, onde escavadoras derrubavam moradias."Há mais de 500 pessoas aqui... as mulheres e as crianças não têm para onde ir", acrescentou.

De acordo com Taleb el Sana, um ativista árabe israelita, "48 casas" foram demolidas no total. "Uma cidade inteira foi arrasada só porque os seus habitantes são árabes", denunciou. "Hoje não se trata de uma ou duas casas, mas de uma cidade inteira, com o pretexto de construir sem autorização", continuou.

"Por um lado, não concedem licenças" aos cidadãos árabes e, "por outro, destroem as suas casas dizendo que não têm licenças", criticou.

A operação insere-se na política israelita de destruição de "construções ilegais" e constitui um "passo importante para a devolução da autoridade ao Estado", escreveu na rede social X o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, que lidera o partido de extrema direita Força Judaica.

Qualquer pessoa que "viole a lei no Neguev deve saber que a terra do Neguev não está abandonada. A polícia lutará contra aqueles que se apropriem dela e tentará estabelecer uma realidade diferente no terreno", acrescentou.

A minoria árabe, formada por descendentes de palestinianos que permaneceram após a criação de Israel em maio de 1948, representa cerca de 21% da população do país.

A população árabe do Neguev ultrapassa os 300 mil habitantes, dos quais cerca de 150 mil estão dispersos em 45 aldeias "não reconhecidas", segundo Atiyah Al Asam, um funcionário dessas aldeias.

As suas terras foram confiscadas e eles enfrentam tentativas recorrentes de demolição das suas casas.

Israel não reconhece a alguns beduínos estes direitos garantidos a outros cidadãos israelitas e afirma que se estabelecem ilegalmente nas suas terras.