Em entrevista à Lusa no seguimento da divulgação do Mapa de Risco Político 2015, Pedro Penalva afirma que Moçambique "era o quarto a contar do pior e passou [piorou] para o ponto médio muito por via do que tem a ver com a perspetiva de violência política, como os raptos e perturbações de cariz social e política, e depois pelos impactos económicos derivados dos atrasos na execução de projetos estruturantes, nomeadamente na área do carvão e do gás natural".

Na avaliação que a consultora especializada em gestão de risco faz de Moçambique, Pedro Penalva destaca ainda que um dos aspetos cuja avaliação também foi degradada tem a ver com as perturbações na cadeia de distribuição de bens e produtos, "por causa do efeito das alterações climáticas", ou seja, das fortes cheias que inundaram parte do país no princípio do ano.

"Angola, e também Moçambique, estão entre os países que viram a sua avaliação ser deteriorada por razões similares e que afetaram, de forma geral, os países africanos - dos 12 que desceram a nota, praticamente metade são africanos e produtores de petróleo, ou então são fortemente impactados pelo que é a produção de outras fontes energéticas como o gás natural", conclui Pedro Penalva.

Os restantes países lusófonos basicamente mantiveram a avaliação, sendo que a Guiné-Bissau "tem uma classificação bastante má, e Cabo Verde é o país com a avaliação mais favorável", conclui o analista.

A análise da Aon Risk Solutions é feita anualmente a 163 países, com a edição deste ano a registar uma degradação do risco político de fazer negócios em 12 países e uma melhoria noutros sete.

Os países que viram o Risco piorar foram Angola, República Centro-Africana, Burkina Faso, Gana, Guiné- Conacri, Haiti, Líbia, Moçambique, Omã, Paquistão, Serra Leoa e Uganda.

Os que melhoraram foram a República Dominicana, Equador, Geórgia, Laos, Panamá, Suazilândia e o Zimbabué.

A análise da Aon inclui uma colaboração especial da consultora Roubini Global Economics, recolhendo também a opinião de mais de 20 seguradoras na área do risco político, compilados pelo banco Lloyds.

Cada país é avaliado em nove áreas: Transferência de Divisas, Regulamentos e Leis, Interferência Política, Violência Política, Incumprimento Soberano e Perturbações na Cadeia de Distribuição, a que se juntam os Riscos de Negócio, Vulnerabilidade do Setor Bancário e Riscos a Estímulos Orçamentais.

Com base na avaliação nestas nove áreas, é então definido a que categoria pertence o risco que os investidores assumem por investir nesse país, indo do Baixo até ao Muito Alto, passando pelo Médio Baixo, Médio, Médio Alto e Alto.

MBA // PJA

Lusa/Fim