Em entrevista ao Financial Times, Omar Mitha, que chegou à presidência deste organismo estatal moçambicano em agosto, mostra-se esperançado em exportar a primeira carga de gás natural líquido (LNG, no original em inglês) ainda em 2020 e está otimista sobre as vantagens de Moçambique face a outros países, mesmo em contexto de descida dos preços das matérias-primas.

"Mesmo com os nossos problemas, ainda oferecemos vantagens competitivas face a outros países", diz o responsável, considerando que a atribuição de licenças de exploração em outubro à norte-americana ExxonMobil e à italiana Eni "é uma clara indicação" do interesse dos investidores.

Na reportagem do Financial Times, Omar Mitha é apresentado como um otimista que entende as dificuldades do mercado e os condicionalismos do país, razão pela qual descreve o potencial que o LNG oferece ao país como "um projeto de transformação e uma oportunidade única para Moçambique saltar alguns estádios de desenvolvimento".

Entre as várias dificuldades que as empresas enfrentam em Moçambique estão a falta de mão de obra especializadas, os problemas técnicos, os altos custos de exploração e, agora, a descida no preço das matérias-primas, que obriga a estudos mais rigorosos sobre a diferença entre o custo do investimento e o lucro da exploração.

"O que é crítico é acelerarmos o ritmo para o mercado porque a janela de oportunidade pode diminuir", diz o responsável, explicando que "a razão por trás disto é a que a dinâmica do mercado está a mudar".

Esta dinâmica prende-se com a redução do preço das matérias-primas, que os analistas estimam que vá durar vários anos antes de, eventualmente, regressar aos níveis do ano passado, e com a nova geografia dos compradores, principalmente os asiáticos, com o Japão e a Índia à cabeça.

Desde 2010 que Moçambique saltou para as primeiras páginas dos jornais internacionais, quando a Anadarko e Eni começaram a descobrir LNG na Bacia do Rovuma, com o potencial de colocar o país entre os maiores produtores mundiais.

Em declarações citadas pela revista Jeune Afrique, Omar Mitha diz que quando o gás natural estiver em exploração, o Produto Interno Bruto de Moçambique poderá disparar dos atuais 16 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros) para 39 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros) em 2035, além de arrastar a construção de infraestruturas e criação de emprego, estimada em 700 mil novos postos de trabalho.

A ENH prevê ainda que o Estado arrecade mais de 67 mil milhões de dólares (60 mil milhões de euros) em receitas da exploração do gás natural de Rovuma, admitindo que o valor possa aumentar durante o desenvolvimento do projeto.

As multinacionais petrolíferas poderão investir 31 mil milhões de dólares (27,7 mil milhões de euros) nos projetos de gás na bacia do Rovuma, norte de Moçambique, conclui o presidente da ENH.

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