Quioto, Japão, 26 mar (Lusa) -- O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, prometeu hoje enviar a obra do "grande poeta português" Herberto Hélder para estudantes de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto, que hoje lhe concedeu o título de doutor honoris causa.

"Foi um grande poeta português e, portanto, uma grande perda para Portugal, deixou realmente uma obra notável. Eu consumi e deliciei-me com muita da sua escrita, quer poética quer da sua prosa", disse Passos Coelho aos jornalistas.

O primeiro-ministro mencionou Herberto Hélder em conversa com estudantes de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto e, perante o desconhecimento das alunas, Passos prometeu que a obra chegará à antiga cidade imperial japonesa, onde só naquela universidade há 400 estudantes da língua lusa.

"Não garanto toda porque há obras dele que esgotaram, já não estão disponíveis e talvez tenhamos que esperar novamente para que sejam reeditadas, editadas novamente, mas há alguma obra que está disponível e vou pedir que seja oferecida à Universidade de Quioto para que possam ler Herberto Hélder", disse às duas alunas com quem conversava.

Passos ouviu o poema "Canção do exílio", do poeta brasileiro Gonçalves Dias, declamado pela aluna brasileira Sayuri Guimarães, 19 anos, que também desconhecia a obra de Herberto Hélder.

As motivações de Kunihiro Furnya, 18 anos, para aprender português são essencialmente desportivas, ou mais concretamente, futebolísticas.

"Quero ser treinador de futebol", disse aos jornalistas este aluno do primeiro ano de português, que é um admirador da carreira de José Mourinho e do Futebol Clube do Porto.

A Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto ensina a língua portuguesa desde 1967, mantendo uma parceria com a Universidade de Coimbra, facto a que o primeiro-ministro aludiu no seu discurso de aceitação do doutoramento honoris causa, atribuído pelo papel de Portugal na atribuição ao Japão do estatuto de observador na CPLP, a comunidade de países de língua portuguesa.

Passos Coelho disse aceitar a "honra" concedida, como sendo, "acima de tudo", destinada a Portugal, "aos portugueses e a todos aqueles que pelo mundo fora se expressam na língua portuguesa, uma língua à qual todos reconhecem um significativo potencial".

"O Japão tomou a decisão, que reputo de estratégica, de se aliar a esta dinâmica lusófona, ao apresentar a sua candidatura ao estatuto de observador da CPLP, a qual contou com o nosso empenhado apoio", declarou.

Segundo o primeiro-ministro, "a presença do Japão constitui um fator de particular orgulho para a CPLP, que recebe o seu primeiro observador asiático e vê alargado o potencial de novas oportunidades de cooperação, nomeadamente em áreas da economia e a energia, hoje, mais do que nunca, essenciais ao desenvolvimento e progresso dos povos".

"Não posso, aliás, deixar de sublinhar e agradecer a forma como o Japão, por iniciativa própria, concedeu uma visibilidade acrescida à nossa organização e ao enfoque asiático que esta agora vive", declarou.

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