"A renúncia de Armando Guebuza à presidência da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) dará maior liberdade a Filipe Nyusi [atual chefe de Estado moçambicano]", disse no domingo o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), à margem de um comício em Muchúnguè, província de Sofala, citado hoje pelo diário O País,

Depois de o porta-voz da Frelimo, Damião José, ter anunciado que a sucessão do presidente do partido não constava da agenda dos temas da IV sessão do Comité Central, que terminou na madrugada de hoje nos arredores de capital, Armando Guebuza pediu a sua demissão, a que se seguiu a eleição do novo presidente do partido, Filipe Nyusi.

Para o líder do maior partido da oposição moçambicana, embora tardia, a renúncia de Armando Guebuza, Presidente da República e da Frelimo durante dez anos, constitui um " aprofundamento da democracia".

"Foi uma decisão sábia de [Armando] Guebuza, mas não era preciso chegar a este ponto, porque vai ficar na história que foi forçado", afirmou Afonso Dhlakama, que está na liderança da Renamo desde 1979, referindo que era complexo negociar com uma "Frelimo dividida".

Dhlakama acredita que a sua reivindicação da criação de municípios provinciais pressionou a Frelimo para a decisão de Guebuza, referindo-se ao projeto que o seu partido submeteu ao parlamente, onde espera que venha a ser aprovado pelo partido maioritário, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Dhlakama e Nyusi encontraram-se duas vezes no início deste ano, com vista a ultrapassar a crise política instalada desde as eleições gerais de 15 de outubro, cujos resultados a Renamo não reconhece.

Dos encontros entre os dois líderes saiu a decisão de levar a exigência da Renamo ao parlamento, mas, logo de seguida, destacados membros da Comissão política da Frelimo, presidida por Guebuza, foram enviados para as províncias, sinalizando que o partido no poder não tenciona viabilizar a proposta da oposição.

A 05 de setembro de 2014, o ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, assinaram um acordo em Maputo, que colocou termo a mais de 17 meses de confrontações militares na região centro, com um número desconhecido de mortos e milhares de deslocados.

Eleito presidente do partido no domingo com 186 votos a favor, dois brancos e um nulo, Nyusi considerou que a saída de Guebuza da liderança da Frelimo reforçou a dignidade e coesão da força política dominante em Moçambique.

EYAC (HB)// APN

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