Atenas, 29 jun (Lusa) -- Milhares de pessoas juntaram-se hoje na praça Syntagma, em Atenas, numa concentração pelo "Não" ao "acordo catastrófico" dos credores da Grécia, numa competição de cartazes, faixas, palavras de ordem, onde predominava uma palavra grega: "Oxi", "Não".

Aos altifalantes, música revolucionária grega e frases mobilizadoras contra o "acordo da catástrofe imposto por Merkel, Draghi e Dijsselbloem".

Nesta concentração convocada pelo Syriza, pequenos grupos mais radicais recolhiam assinaturas para a saída da Grécia da zona Euro e da União Europeia e exibiam cartazes "contra a austeridade".

"Estou aqui para votar não. Não quero o acordo, não quero a UE, nem a zona Euro", diz Vangelis, 28 anos, desempregado e com um mestrado em Agronomia.

"Quero que pelo menos o meu país se mantenha de pé, que coopere com outros países e gira os seus recursos naturais", acrescenta.

Junto ao parlamento, Emanuela, 50 anos, exibe um pequeno autocolante com a palavra "Oxi" junto ao peito.

"Estou aqui para dizer um grande não à UE, que quer pôr a Grécia de joelhos. Nos últimos anos, fizemos grandes esforços, mas querem mais e mais", argumentou.

A concentração vai-se reforçando com gente de todas as idades e com alguns grupos mais animados a cantarem e a baterem palmas ao som de tambores.

Muitas bandeiras gregas compradas a vendedores ambulantes são agitadas, enquanto um grupo da polícia de intervenção permanece discretamente nas escadarias do hemiciclo.

"Povos europeus todos juntos", diz uma faixa em inglês, presa entre dois candeeiros.

"Acreditamos que este Governo está a fazer o melhor. É o único que levanta a voz de todos nós perante este desastre. Precisamos do apoio de todos os povos europeus e acreditamos que há povos, sobretudo no sul da Europa - Portugal, Espanha e Itália -, que também estão a sofrer. Porque isto é uma guerra", frisa Emanuela, que diz ter perdido nos últimos cinco anos "grande parte" do seu salário e lutar por um futuro melhor para a sua filha.

"Esta é uma oportunidade para mostrar o que podemos fazer e enfrentar os problemas", conclui a apoiante do "Não" no referendo convocado pelo Syriza para 05 de julho.

Mais logo, pelas 22:00 locais, é certo que Emanuela estará em frente à televisão para escutar a entrevista do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, à televisão pública ERT, que retomou as emissões a 11 de junho, após dois anos de interrupção.

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