O evento, no decorrer do qual foi queimada uma bandeira francesa, tinha como lema "eu sou nigeriano, eu sou africano", como denúncia do silêncio dos dirigentes africanos e do mundo sobre os massacres no continente, em oposição à reação aos atentados em Paris.

Na marcha participaram numerosos elementos do Governo, representantes da sociedade civil, deputados e autoridades tradicionais e religiosas e cidadãos.

"Eu não sou Charlie. Eu sou muçulmano", "A liberdade de expressão não é liberdade de insultar", "Não toque no meu profeta" eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes que os participantes na marcha brandiam.

"O islão é uma religião de paz", declarou o serigne de Dakar, Abdoulaye Mactar Diop, que acusou as autoridades francesas de "encorajar a publicação do último número do jornal Charlie Hebdo para se rirem".

O Senegal interditou a difusão da edição de 14 de janeiro do jornal satírico, a primeira após o massacre no jornal e que apresentava uma caricatura do profeta Maomé.

"Charlie respondeu com a provocação, nós respondemos com a paz. Charlie tem cúmplices que é preciso denunciar. É preciso que a França pare", declarou Sambou Biagui, representante da Plataforma Africana para o Desenvolvimento e os Direitos Humanos.

Também hoje milhares de manifestantes protestaram na Cisjordânia e na Turquia contra a publicação de uma nova caricatura do profeta Maomé pelo jornal francês Charlie Hebdo.

As manifestações palestinianas decorreram em Hébron e em Ramallah, na Cisjordânia, convocadas por um movimento islamita, o Partido da Libertação, e os manifestantes, alguns com faixas negras a apelar à instauração do "califado", gritaram 'slogans' de apoio à fé muçulmana e contra a França, constataram jornalistas da AFP.

Cerca de 70 mil curdos da Turquia também se manifestaram pelo mesmo motivo em Diyarbakir, no sudeste do país, com palavras de ordem contra a publicação e os que "insultam" o profeta.

SMM (EO) // CSJ

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